O teste ERA realiza a Análise da Receptividade Endometrial a partir do perfil transcriptômico do endométrio no momento do ciclo em que, de forma geral, as mulheres estão com o útero receptivo para a implantação do embrião e sucesso da gravidez. Este período é denominado janela de implantação.
Ao identificar o status endometrial no momento da biópsia, é possível planejar uma transferência de embriões personalizada (pET), ajustada à janela de implantação da paciente, reduzindo assim, o risco de falhas de implantação na Fertilização in Vitro (FIV).
Conheça os 5 pontos importantes sobre esta análise e como fazer para garantir resultados precisos.
1. Qual a chance da janela de implantação estar deslocada?
Estima-se que até 30% das mulheres inférteis com repetidas falhas de implantação podem ter a janela de implantação deslocada, o que pode dificultar ou impedir a implantação do embrião, dependendo do quão deslocada esteja.
Estudar a receptividade endometrial através do teste ERA é especialmente recomendado para pacientes que enfrentaram repetidas falhas de implantação (RIF) em ciclos de FIV, mesmo quando embriões de boa qualidade foram transferidos. Além disso, pacientes com histórico de abortamento de repetição, gravidez bioquímica, endométrio atrófico e obesidade, podem também se beneficiar do exame pois apresentam uma tendência de uma janela de implantação deslocada.
Grupos de pacientes mais propensos a apresentarem janela de implantação deslocada | |
RIF – Falha recorrente de implantação | Ruiz-Alonso, et al. Hum Rep 2013 |
IMC ≥ 30 | Comstock et al. Fertility & Sterility, 2017 |
Endométrio atrófico (espessura < 6mm) | Valbuena et al. ESHRE 2023 |
Adenomiose | Mahajan et al. J Hum Reprod Sci, 2018 |
Histórico de gestação bioquímica | Díaz-Gimeno et al., Fertility & Sterility, 2017 |
2. Como é realizada a análise?
O ERA baseia-se na avaliação genética de uma amostra de tecido endometrial, coletada por meio de uma biópsia realizada em um momento específico do ciclo menstrual, onde há maiores chances de encontrar um endométrio receptivo. A classificação do endométrio é realizada por meio da tecnologia de sequenciamento de nova geração (NGS), pelo qual o RNA do tecido endometrial é sequenciado, permitindo a identificação da expressão gênica de 248 genes relacionados à receptividade endometrial.
3. Quais os possíveis resultados do ERA?
Os perfis analisados no momento da biópsia podem refletir os seguintes resultados:
Receptivo: indica um perfil de endométrio receptivo, ou seja, momento ideal para que se realize a transferência embrionária. A recomendação é que a transferência seja realizada sob o mesmo protocolo e momento do ciclo do teste.
Receptivo tardio: condiz com um endométrio alcançando o final de seu período de receptividade. A recomendação neste cenário é a redução em 12 horas de administração de progesterona exógena em relação ao momento da coleta da biópsia.
Pré receptivo: indica que o endométrio que ainda não alcançou seu estágio receptivo, podendo decorrer de uma janela de implantação possivelmente deslocada. Em alguns casos será necessária a realização de uma nova biópsia para validar a janela de implantação prevista.
Pós receptivo: o endométrio já encerrou sua fase de receptividade, podendo indicar deslocamento na janela de implantação. Para validar a janela de implantação prevista neste caso é necessária a realização de uma nova biópsia endometrial no dia recomendado pelo laudo ERA.
Proliferativo: condiz com um endométrio que não foi exposto à progesterona, ou não foi responsivo a ela. Recomenda-se que a clínica entre em contato com a Igenomix para avaliar o protocolo utilizado para a coleta da biópsia.
Em 90% dos casos em que foi possível um diagnóstico do status endometrial, não é necessária a realização de uma segunda biópsia para confirmação da janela de implantação da paciente, permitindo personalizar a transferência embrionária de acordo com nosso algoritmo próprio baseado em machine learning.

Rigorosos critérios de qualidade são adotados para que se garanta que a integridade e quantidade de material genético a ser analisado sejam adequadas. Contudo, em aproximadamente 3,3% dos casos das amostras recebidas, não é possível se obter um diagnóstico devido ao status da amostra, e uma nova biópsia endometrial será necessária para concluir a análise. Detalhes do envio da amostra e explicações para resultados não informativos podem ser encontrados no Manual do teste.
4. Por quanto tempo os resultados do teste ERA são válidos?
No estudo conduzido por Díaz-Gimeno e colaboradores (2013) o teste foi realizado duas vezes com um intervalo de 29 a 40 meses, mantendo 100% de concordância nos resultados entre os ciclos, quando as amostras foram coletadas no mesmo dia do ciclo menstrual.
Esses achados confirmam que o perfil de receptividade endometrial identificado pelo ERA é consistente ao longo do tempo, validando sua confiabilidade como uma ferramenta precisa para determinar a janela de implantação em tratamentos de reprodução assistida. Portanto, consideramos que os resultados sejam válidos por 36 meses.
É importante destacar que a consistência dos resultados do teste ERA, mesmo após um intervalo superior a três anos, depende da ausência de patologias/intervenções a nível uterino, mudanças significativas de índice de massa corpórea IMC (ex: IMC > 30 para IMC < 30) e a reprodução fiel do protocolo utilizado no ciclo de biópsia nos ciclos de transferência.
O estudo também comparou a acurácia do teste ERA em relação aos métodos histológicos tradicionais de avaliação da receptividade endometrial, tendo o teste ERA demonstrado maior acurácia em relação à histologia para datação do endométrio, oferecendo maior confiança para determinar a janela de implantação de pacientes em tratamentos de reprodução assistida.
5. Seguir o protocolo corretamente no momento da transferência embrionária é fundamental para obter resultados confiáveis
A garantia da reprodutibilidade do ERA está na correta aplicação do protocolo do teste para cada paciente, isto é, cada caso demanda um controle e monitoramento de diferentes fatores para que se obtenha concordância do status endometrial entre ciclos de biópsia e transferência. Dois fatores fundamentais são:
- Replicação exata do protocolo entre ciclos
O resultado do teste ERA só é válido para o tipo de protocolo utilizado na biópsia. Isso significa que, ao escolher um protocolo para a paciente (seja ciclo natural, natural modificado ou HRT) é essencial considerar todos os aspectos planejados para o ciclo de transferência, incluindo o uso de medicações adicionais. Ou seja, tudo o que for realizado no ciclo da biópsia deverá ser realizado no ciclo em que se deseja transferir o embrião, pois desta maneira, mimetizamos as condições uterinas nas quais se identificou a janela de implantação da paciente (tipo de medicação, via de administração, dosagem, medicações extra, padrão da espessura endometrial etc.).
Qualquer alteração no protocolo pode fazer com que a resposta do tecido endometrial seja diferente do esperado e encontrado no teste, podendo levar a uma transferência embrionária em um momento em que o útero não esteja pronto para que a nidação ocorra.
- Controle adequado de progesterona endógena
Outro fator fundamental no protocolo do teste da receptividade endometrial é o controle correto dos níveis de progesterona sérica (P4) da paciente, tanto para ciclos de substituição hormonal, em que a ovulação é bloqueada, quanto para ciclos naturais. Nos ciclos HRT, os níveis de P4 endógena devem ser medidos nas 24 horas anteriores à primeira administração de P4 exógena, enquanto nos ciclos naturais, a medição deve ser feita em hCG+0/LH+0. Em ambos os casos, os níveis de progesterona devem ser sempre inferiores a 1 ng/ml. Esse controle é necessário pois mesmo pequenas quantidades artefactuais ou escape precoce de progesterona podem iniciar a transformação secretora do endométrio, afetando a precisão e reprodutibilidade dos resultados ERA.
Ao seguir corretamente o protocolo estabelecido para o teste ERA é possível melhorar os desfechos clínicos das pacientes. Conte com o seu médico especialista e com a equipe científica da Igenomix para uma orientação individualizada ao seu caso.
Ao seguir corretamente o protocolo estabelecido para o teste ERA é possível melhorar os desfechos clínicos das pacientes. Conte com o seu médico especialista e com a equipe científica da Igenomix para uma orientação individualizada ao seu caso.
Venha conhecer e discutir as evidências científicas sobre o Teste de Receptividade Endometrial (ERA)
Dia 26 de março de 2025 às 13h (horário de Brasília)
Inscrições: https://attendee.gotowebinar.com/register/7514747905246286677

Virgínia Regla é Biomédica com pós-graduação em imunologia e microbiologia
Referências:
RIF
RUIZ-ALONSO, Maria et al. The endometrial receptivity array for diagnosis and personalized embryo transfer as a treatment for patients with repeated implantation failure. Fertility and sterility, v. 100, n. 3, p. 818-824, 2013.
IMC>30
COMSTOCK, Ioanna A. et al. Does an increased body mass index affect endometrial gene expression patterns in infertile patients? A functional genomics analysis. Fertility and sterility, v. 107, n. 3, p. 740-748. e2, 2017.
Endométrio atrófico
Valbuena et al. ESHRE 2023
Adenomiose
MAHAJAN, Nalini; KAUR, Simrandeep; ALONSO, Maria Ruiz. Window of implantation is significantly displaced in patients with adenomyosis with previous implantation failure as determined by endometrial receptivity assay. Journal of Human Reproductive Sciences, v. 11, n. 4, p. 353-358, 2018.
Gravidez bioquímica
DÍAZ-GIMENO, Patricia et al. Window of implantation transcriptomic stratification reveals different endometrial subsignatures associated with live birth and biochemical pregnancy. Fertility and Sterility, v. 108, n. 4, p. 703-710. e3, 2017.
Reprodutibilidade ERA
DÍAZ-GIMENO, Patricia et al. The accuracy and reproducibility of the endometrial receptivity array is superior to histology as a diagnostic method for endometrial receptivity. Fertility and sterility, v. 99, n. 2, p. 508-517, 2013.