A personalização da genética com a precisão da Inteligência Artificial aceleram os avanços em reprodução humana.
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Se existe algo que é unânime sobre a saúde é que cada caso é um caso. Sabemos com certeza que o mesmo tratamento pode apresentar resultados diferentes dependendo do paciente, mesmo quando tudo parece igual. Isso acontece pelas características únicas da genética de cada pessoa, algo que a inteligência artificial tem ajudado a desvendar.
Nos tratamentos de fertilidade, onde estamos lidando com a genética de duas pessoas (pai e mãe) em busca de realizar o sonho de ter filhos, a informação que gera a combinação do diagnóstico de um casal não é a mesma que estudar cada parte por separado. Esta visão é a chave para o sucesso da gravidez e nascimento de um bebê saudável, principalmente nos casos onde não há uma razão clara para a infertilidade, ou seja, os exames realizados não apresentaram alterações, o que se conhece por infertilidade sem causa aparente (ISCA)
Recentemente a revista National Geographic publicou uma matéria sobre como a medicina personalizada está transformando a forma como cuidamos da nossa saúde, citando entre os avanços em diversas áreas, o teste ERA, de receptividade endometrial, que analisa centenas de genes do endométrio para identificar o melhor momento de transferir o embrião ao útero materno no tratamento de FIV (Fertilização in Vitro) de forma personalizada ao corpo da mulher.
O teste ERA é um bom exemplo de como a genética e a inteligência artificial modulam a biotecnologia da saúde, mas não é o único. Atualmente, todos os desenvolvimentos científicos da Igenomix combinam o aprendizado de máquina (machine learning) com o conhecimento avançado em genética para alcançar resultados mais precisos e individualizados nas mais diversas áreas da saúde.
Você prefere prevenir ou remediar?
Racionalmente, a maioria das pessoas vai dizer que prefere prevenir, mas a realidade é que normalmente consultamos médicos apenas diante de sintomas. Esta forma de agir tende a ficar no passado, porque além de mais barato, prevenir é mais eficaz e evita o sofrimento.
A tendência é passar do diagnóstico precoce à medicina preventiva, ou seja, atuar diante das evidências de riscos e dessa forma não ficar doente ou minimizar ao máximo o impacto das doenças.
Esta realidade vai além, mas começa com as medidas preventivas que tomamos em caso de histórico de doenças na família. Por exemplo, no caso de presença de câncer de mama em parentes próximos, um teste genético pode identificar se efetivamente existe a presença de uma mutação genética que aumenta o risco de desenvolver a doença, ajudando a atuar ou redobrar as precauções e alertar outros familiares ou, caso se constatada a ausência da mutação, manter os cuidados da população geral.
E ainda, no caso de doenças genéticas hereditárias mais graves, como a Fibrose Cística ou Anemia Falciforme, por exemplo, prevenir quando há casos na família, ou mesmo conhecer o risco através de testes de compatibilidade genética e aconselhamento genético, podem permitir que as futuras gerações nasçam livres das mutações genéticas causadoras de doenças sem cura. Algo que é possível atualmente através de tratamentos de Fertilização in vitro com a análise genética dos embriões antes da gravidez, que identifica os embriões não afetados pela doença.
Bioética nos avanços da genética
Não há retorno para a inteligência artificial, nem desaceleração dos descobrimentos no área da medicina genética, e os benefícios de contar com esta tecnologia em favor da saúde são superiores aos riscos de utilizarem estes recursos para o mal, principalmente se a sociedade estiver informada e consciente do impacto do desenvolvimento e contribua para que a ética continue prevalecendo na saúde.
Marcia Riboldi, PhD – Diretora da Igenomix Brasil