Embora raro, o câncer de mama também pode acometer homens e apresentar estágio avançado, quando diagnosticado tardiamente. A incidência é maior após os 50 anos e, na maioria dos casos, o paciente tem entre seus familiares pessoas que já desenvolveram outros tipos de câncer, especialmente de mama e de ovário.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente 1% dos casos de câncer de mama são masculinos, o que dificulta o rastreamento, pois não existe protocolo de mamografia anual, como o recomendado às mulheres e ainda não é caracterizado como um problema de saúde pública. O alerta dos médicos é que ao primeiro sinal de alterações do mamilo, o paciente deve procurar um mastologista que vai analisar possível aumento da mama no homem, presença de caroço, queixa de dor unilateral e secreção. É preciso ficar atento a outros indicadores: insuficiência hepática, cirrose, uso abusivo de álcool, aumento súbito de peso, ingestão do hormônio estrógeno e anabolizantes, podem favorecer o crescimento do tumor.
Como geralmente a glândula mamaria masculina é atrofiada, com hormônio feminino (estrógeno) baixo em relação às mulheres, a neoplasia pode ser indolor e confundida com outras doenças como a ginecomastia, que nada mais é do que um crescimento benigno das mamas nos homens, causado por uso de medicamentos ou por desequilíbrio hormonal.
O câncer de mama masculino tem como principal fator de risco a presença de variantes patogênicas herdadas no gene BRCA2, um importante guardião de integridade do DNA. Mais recentemente alguns estudos demonstraram que outros genes além de BRCA2 podem estar ligados ao desenvolvimento da doença. Genes como BRCA1, PALB2, ATM e CHEK2 também têm sido ligados ao câncer de mama em homens. Como uma parcela importante destes casos está ligada à presença destas alterações, a chance de cura pode estar na detecção e diagnóstico precoce da doença.
Os chamados testes genéticos podem ser uma opção para a identificação do risco de desenvolvimento da doença. Estudos populacionais mostram que em torno de 2% e 13% dos casos de câncer de mama masculino estão ligados a presença de variantes patogênicas germinativas em BRCA1 e BRCA2, respectivamente. O risco de câncer até os 80 anos de idade é estimado entre 5-10%, significativamente maior do que na população (0.1%).
São indicados para pessoas que possuem histórico familiar de câncer de mama antes dos 50 anos de idade, câncer de ovário, câncer de mama masculino, dentre outras características. Porém, ele também pode ser feito por qualquer pessoa que tenha interesse em se prevenir e cuidar da própria saúde.
O exame é feito a partir da obtenção do DNA proveniente de uma amostra de sangue (ou saliva em alguns casos). O DNA é então avaliado quanto a presença de alterações na sequência de genes específicos, conhecidos como supressores tumorais. A identificação de uma alteração em sua sequência (conhecida como mutação ou variante patogênica) pode significar que o gene perdeu seu papel protetor contra tumores. Desta forma o indivíduo torna-se mais suscetível a câncer. Portanto, cabe ao médico orientar o paciente sobre medidas de prevenção conforme o risco de desenvolvimento da doença.
Tratamento do câncer de mama masculino
Como a mama masculina é pequena e os nódulos são atrás do mamilo, geralmente não é possível fazer cirurgias conservadoras (que retiram apenas parte da mama). A cirurgia costuma ser a retirada de toda a mama com a aréola e o mamilo (mastectomia total), com a cirurgia axilar (retirada de um gânglio – linfonodo sentinela – ou de vários gânglios da axila) no mesmo tempo cirúrgico. Outros tratamentos podem ser necessários, como nas mulheres: quimioterapia, radioterapia ou bloqueio dos hormônios, dependendo do tamanho do tumor e de suas características biológicas.
Gabriel Macedo é Head de Oncologia na Igenomix Brasil