A progesterona, hormônio esteroide produzido pelos ovários, é fundamental para várias funções do corpo humano, desempenhando um papel crucial principalmente no ciclo menstrual, na reprodução e na manutenção da gestação. Após a ovulação, durante a fase lútea do ciclo menstrual, o corpo lúteo inicia a produção de progesterona, resultando em um aumento significativo nos níveis séricos desse hormônio, essencial para que ocorra a transição de fases do endométrio, que passa da fase proliferativa para a fase secretora, que respectivamente se referem ao período que coincide com o fim da menstruação e o período fértil.
Para que o embrião em desenvolvimento consiga implanta no útero e dar continuidade à gestação, é fundamental que encontre um endométrio saudável e receptivo. A nidação ocorre durante a fase secretora do endométrio, momento em que a progesterona, em níveis elevados, bloqueia o efeito proliferativo dos estrogênios e favorece a decidualização adequada do tecido endometrial, que reveste as paredes internas do útero.
Essa transformação do endométrio em um tecido altamente especializado, conhecido como decídua, resulta em um aumento da vascularização e da secreção das células endometriais, o que proporciona um aporte maior de nutrientes e suporte ao desenvolvimento da gravidez. Além disso, a progesterona é responsável por sustentar a gestação, mantendo a espessura do endométrio e regulando suas funções imunológicas e endócrinas, até que a placenta se estabeleça e assuma tais funções. Caso a fertilização não ocorra, os níveis de progesterona caem, levando à desintegração do endométrio, que é expelido durante a menstruação, iniciando assim um novo ciclo.
Por que a progesterona importa durante a realização do teste ERA?
No teste ERA (Análise da Receptividade Endometrial), uma biópsia endometrial com um preparo específico permite datar o endométrio de acordo com sua receptividade para identificar a janela de implantação (WOI) da paciente, que é o momento do ciclo da mulher onde o corpo está pronto para ajudar o embrião em sua implantação.
O teste ERA possibilita uma transferência de embriões personalizada e exclusiva de cada mulher. A WOI ocorre, para a maioria das pacientes, em torno da metade da fase secretora do endométrio e tem duração variável (entre 3 e 6 dias).
Identificar corretamente a janela de implantação da paciente requer a coleta da amostra endometrial no momento adequado. Para garantir isso, é fundamental seguir os protocolos estabelecidos pela Igenomix, que incluem ter um controle rigoroso do ciclo da paciente, seja um ciclo de reposição hormonal (HRT) ou ciclo natural/natural modificado. Além disso, é essencial monitorar os parâmetros-chave definidos pelo laboratório, pois esses fatores influenciam diretamente na acurácia e reprodutibilidade da análise.
Um dos parâmetros fundamentais que demandam controle adequado é a progesterona endógena da paciente, que deve ser sempre aferida, tanto em ciclos HRT (dentro das 24 horas que antecedem a primeira dose de P4 exógena) como em ciclos naturais (no dia do pico de LH/trigger de hCG), e seu resultado precisa ser necessariamente <1ng/ml, em ambos os ciclos de biópsia e transferência. Ao assegurar que o nível de progesterona sérica da paciente esteja abaixo do valor preconizado, garantimos que não há artefatos da progesterona e que o “relógio secretor” ainda não teve início. Embora esse limite seja bastante baixo, ele foi estabelecido por motivos de segurança, pois até mesmo pequenas quantidades de progesterona podem ser suficientes para iniciar a transformação secretora do endométrio.
Assim, a monitorização rigorosa da progesterona sérica em ambos os ciclos – biópsia e transferência – é essencial para garantir a reprodutibilidade do teste e seus resultados. Um exemplo ilustrativo dessa situação é o controle adequado da progesterona endógena no ciclo de biópsia, em contraste com a falta de monitoramento no ciclo de transferência. Nesse caso, após o recebimento do resultado do teste com o tempo ideal para a transferência embrionária, se a progesterona não for verificada no ciclo de transferência e, por algum motivo, os níveis séricos de progesterona aumentarem precocemente, perde-se o controle da transição do endométrio, e isso pode resultar na transferência de embriões em um endométrio que já encerrou sua janela de implantação (não receptivo) e acarretar uma falha de implantação.
O ciclo de ERA e de transferência embrionária devem ser replicados
Outro ponto importante sobre a progesterona no teste ERA é que tudo o que for feito no protocolo de biópsia deve ser replicado exatamente no ciclo de transferência. O resultado do teste ERA é válido apenas para o tipo de ciclo realizado.
Portanto, ao adotar um protocolo que inclua progesterona para a paciente, esse mesmo protocolo deve ser mimetizado na transferência de embriões, incluindo, mas não se limitando a dosagem, via e tempo de administração. O mesmo se aplica a ciclos naturais modificados, onde a progesterona é utilizada como suplementação de suporte a fase lútea. Assim, se o médico considerar necessária essa suplementação, ela deve ser realizada da mesma forma em ambos os ciclos.
Posso dar mais progesterona se a paciente precisar após a transferência do embrião conforme protocolo ERA?
Sim, após a transferência do embrião seguindo o protocolo replicado do ERA com os ajustes recomendados pelo laudo, administrar uma suplementação de progesterona pode ser recomendado conforme indicação médica.
Posso mudar a dosagem de estradiol para ajudar a engrossar o endométrio antes da transferência?
Sim, apenas a progesterona deve seguir a via e dosagem conforme indicação do teste ERA até a transferência embrionária.
Participe da série de webinares sobre o protocolo de realização do teste ERA

Webinar 1 | Controle da progesterona endógena na realização do teste ERA.
Quando? 6/11 às 13h (horário de Brasília)
Onde? Online em espanhol
Inscrições abertas: clique aqui para assistir ao vivo e receber a gravação do encontro
Webinar 2 | Protocolo ERA: Como proceder e replicar o protocolo no ciclo de FIV
Quando? 11/12 às 13h
Onde? Online em espanhol
Inscrições abertas: clique aqui para assistir ao vivo e receber a gravação do encontro

Virginia Regla, Assessora Científica na América Latina
Vitrolife Group