O novo coronavírus, cuja pandemia paralisou uma grande parte do mundo preocupa a todos. Dentro da medicina reprodutiva temos mais perguntas que respostas e por essa razão o webinar para especialistas com o Dr Carlos Simón, um dos cientistas mais importantes do mundo na área de reprodução humana, foi de grande importância e conectou especialistas de todo o mundo.
Atendendo a pedidos e para multiplicar informação com base científica, a aula será disponibilizada na próxima semana dentro do portal IVF-edu.com. Até que chegue esse momento e para antecipar alguns pontos que você poderá conferir na íntegra em breve, compartilho com vocês os seguintes highlights:
- Esse não é o primeiro coronavírus e nem será o último
Antes do COVID19, tivemos SARS em 2002 e MERS-CoV em 2012. A pandemia que vivemos é a menos mortal em comparação com as epidemias anteriores, que apresentavam taxas de mortalidade de 25% enquanto a taxa da pandemia atual é de 1%, porém estamos diante de um alto poder de contágio, o que resulta em um número de óbitos elevado e um alcance exponencial.
- Até o momento não há evidências de transmissão vertical
Dr Carlos Simón explica que o vírus consegue penetrar nas células através dos receptores ACE2 e TMPRSS2, que estão envolvidos em processos nos órgãos reprodutores masculinos e femininos em diferentes funções. Assim mesmo, segundo os dados da literatura científica para os 3 vírus do grupo coronavírus, até o momento não há evidências de sequencias e partículas virais no sistema reprodutor dos casos analisados.
No transcurso da aula, Dr Carlos detalha em forma de fluxograma os estudos do impacto de cada versão do coronavírus na gestação, feto e bebês nascidos, além do caminho que adota o vírus para penetrar na célula.
Apesar de parecer pouco provável que exista uma transmissão vertical, os efeitos da infecção impactam na saúde da gestante e parece ser este o maior risco para a saúde fetal e desenvolvimento gestacional. Também foi identificado que o uso de antivirais durante a gestação é prejudicial e por essa razão após dita evidência, passou-se a não utilizar este tipo de medicação até que a gestação seja concluída.
Não há estudos em modelos animais para acompanhar os efeitos dos vírus em gametas, gestação e prole. Apesar do desenvolvimento de modelos animais terem sido criados para as duas primeiras versões do vírus, os estudos realizados não analisaram aspectos do aparelho reprodutor, limitando o foco nos efeitos do vírus no pulmão, coração, fígado e cérebro.
- Em relação ao COVID-19, existem 7 estudos sobre que somam 48 gestantes, todos realizados na China
Dr Carlos Simón detalhou os casos, onde inclusive em situações onde houveram complicações, todas as amostras testadas foram negativas para SARS-CoV-2, inclusive no feto que veio a óbito. Foram analisadas amostras de:
- Swab nasal, de garganta e faringe
- Aspiração gástrica
- Urina
- Feses
- Plasma e/ou sangue periférico
- Fluido amniótico
- Sangue de cordão umbilical
- Placenta
- Leite materno
- Métodos de diagnósticos e sua confiança
Dr Carlos explica os atuais métodos de diagnósticos em detalhe e alerta para a atual baixa efetividade teste rápido, sendo que a solução ideal para um foco pós pandemia, seria uma combinação das técnicas moleculares e imunológicas que teriam a capacidade de identificar tanto a presença da infecção, seu estágio e a imunidade desenvolvida pela pessoa.
Recomendações para o corpo clínico
É um consenso mundial na comunidade científica que, ainda que não haja evidência de um impacto na gravidez, devemos ser prudentes e aguardar a pandemia terminar para dar inicio a tratamentos de reprodução assistida e colocar em prática planos de gravidez, considerando que a informação disponível apesar de otimista ainda é limitada.
Por outro lado, é importante que a comunidade científica se una para aumentar o volume de pesquisas científicas na área da medicina reprodutiva em relação ao impacto do COVID19 em gametas, embriões, feto e desenvolvimento dos nascidos a partir de mães que foram infectadas durante a gestação.
Em um momento pós epidemia, que deve ser o foco de atuação, quando os tratamentos de reprodução assistida retomem, será fundamental garantir ambientes livres do vírus e para tanto, todos colaboradores da clínica deveriam ser testados, bem como as pacientes antes de dar início aos seus tratamentos.
Dr Carlos Simón, encerra a aula com um chamado aos mais de 800 especialistas que se uniram ao webinar para que pesquisas sejam realizadas e coloca o grupo Igenomix à disposição.
Marcia Riboldi, PhD – Geneticista e diretora da Igenomix Brasil