Os vírus são as entidades biológicas mais abundantes na Terra. Altamente mutáveis e enigmáticos, eles podem infectar as pessoas de diferentes formas, como pela picada do mosquito Aedes aegypti transmitindo o Zika Vírus, relações sexuais que propagam o HIV e como, vemos atualmente, por meio de gotículas de saliva, espirros e superfícies contaminadas como o coronavírus (COVID19).
Apesar da presença dos mais diversos vírus serem uma realidade e o avanço da biologia molecular permitir o mapeamento do genoma viral proporcionando velocidade para atuar no tratamento e desenvolvimento de fármacos e vacinas, ainda não sabemos ao certo a origem desses patógenos e sua capacidade de infectar humanos.
Devido à grande diversidade entre os vírus, os biólogos e biomédicos têm lutado com a forma de classificação pois podem representar elementos genéticos que ganharam a capacidade de se mover entre as células, corresponder a organismos vivos anteriormente que se tornaram parasitas ou ainda, ser os precursores da vida como a conhecemos.
O básico sobre os vírus
Sabemos que os vírus são bastante diversos e por isso são classificados com bases nas suas propriedades físicas, químicas, biológicas e células que infectam.
Alguns vírus, como o poliovírus, possuem genomas de RNA e outros, como o herpes vírus, possuem genomas de DNA. Além disso, certos vírus (como o da gripe) têm genomas compostos de uma fita simples, enquanto outros (como a varíola) possuem fita dupla.
No entanto, todos eles compartilham algumas características básicas:
- Geralmente são bastante pequenos e não visíveis a olho nu, com um diâmetro inferior a 200 nanômetros (nM).
- Podem se replicar apenas dentro de uma célula hospedeira.
- Nenhum vírus conhecido contém ribossomos, um componente necessário para a síntese de proteínas de uma célula.
Por que é importante fazer o sequenciamento genético de um patógeno?
Desde as publicações do sequenciamento do primeiro genoma de vírus (vírus do mosaico da couve-flor1) e dos primeiros genomas bacterianos (Haemophilus influenza e Mycoplasma genitalium 4), fomentadas pela redução de custo graças a tecnologias como sequenciamento de nova geração (NGS), a genômica mudou a compreensão da biologia e proporcionou ferramentas para atuar em prol da saúde nos mais diversos âmbitos da medicina.
Na virologia, o sequenciamento é uma ferramenta importante para o desenvolvimento de novos tratamentos e vacinas, e para o aumento de controle sobre a epidemiologia molecular e da genômica evolutiva.
Na reprodução humana, a análise de patógenos por técnicas de biologia molecular está se tornando cada vez mais significativa no manejo de pacientes inférteis. Por exemplo, os testes EMMA e ALICE, analisam o RNA das bactérias que habitam o interior da cavidade uterina por meio do NGS, auxiliando milhares de mulheres/médicos no tratamento de uma disbiose ou diagnóstico da endometrite crônica de forma efetiva e assim, preparando o endométrio para uma gravidez saudável.
Como é realizado o sequenciamento genético de um vírus desconhecido?
Para identificar o genoma de um vírus em uma pessoa afetada, quando este é desconhecido, é preciso ter informações do genoma de outros vírus que estão disponíveis em bancos de dados profissionais para realizar comparações com ferramentas específicas identificando a família viral e sua relação com outros patógenos que produzem efeitos similares aos sintomas do paciente afetado. Dessa forma é possível identificar a origem de um vírus e como combatê-lo.
Confira um exemplo de passos para o sequenciamento completo de um vírus no gráfico publicado pela University of Pennsylvania School of Medicine:
Referências:
https://www.nature.com/articles/nrmicro.2016.182
https://www.eurekalert.org/pub_releases/2019-05/uops-hdy050719.php
https://www.nature.com/scitable/topicpage/the-origins-of-viruses-14398218/
Larissa Antunes, Assessora científica Igenomix Brasil.