Pesquisa publicada na revista científica AJOG (American Journal of Obtetrics and Gynecology) compara a equivalência da ferramenta de diagnóstico molecular do microbioma endometrial à combinação da histeroscopia, histologia e cultura do microbioma.
A endometrite crônica é uma inflamação persistente na mucosa endometrial causada por bactérias patogênicas como a Enterobacteriaceae, Enterococcus, Streptococcus, Staphylococcus, Mycoplasma e Ureaplasma. Mesmo quando assintomática, a presença desta inflamação pode causar repetidas falhas de implantação do embrião no útero materno e abortamentos de repetição.
A endometrite crônica é encontrada em mais de 30% das pacientes inférteis. Para piorar a situação, seu diagnóstico é subjetivo e muitas vezes impreciso. Realizado através de histeroscopia e biópsia do endométrio com o estudo do material por histologia, porém apenas após cultivo é possível ter informação objetiva sobre a indicação de um tratamento. Este processo leva tempo e nem sempre apresenta resultados após o cultivo, que sofre risco de contaminação.
Por isso, o estudo publicado na AJOG tem uma grande importância, pois é parte de um processo para o desenvolvimento de uma nova ferramenta que ao mesmo tempo realiza o diagnóstico e proporciona informação que permite identificar o tratamento ideal para esta patologia endometrial. Com a publicação científica que confirma a relevância do estudo realizado foi lançado os testes EMMA e ALICE, que analisam respectivamente o microbioma endometrial completo e as bactérias patogências
Estudo do microbioma endometrial
Especialistas, incluindo cientistas da Igenomix, têm trabalhado em uma solução mais rápida, econômica e efetiva no diagnóstico da endometrite crônica que a combinação de exames realizados atualmente. O objetivo do estudo foi comprovar a efetividade do teste molecular do microbioma endometrial. Participaram 113 pacientes, que se submeteram a esta análise molecular e ao combinado tradicional de histeroscopia + histologia + cultura. Como resultado, além de concluir que o estudo molecular do microbioma é mais rápido, eficiente e mais econômico, o grau de concordância dos achados foi similar à combinação dos 3 diagnósticos clássicos em 76,92%.
Benefícios do diagnóstico molecular do microbioma endometrial
Estima-se que a endometrite crônica acomete até 19% da população. Como comentado, em pacientes que estão há mais de um ano tentando engravidar esta prevalência chega a 40% e pode ser inclusive superior (60-66%) em casos de repetidas perdas gestacionais. Por não poder ser identificada facilmente e seus atuais diagnósticos apresentarem limitações, o benefício da nova técnica é uma grande oportunidade de melhorar o manejo clínico do casal em busca de realizar o sonho de ter filhos e superar a infertilidade.
A técnica utilizada para analisar o DNA das bactérias mostrou-se efetiva inclusive em condições onde as amostras de biópsias de endométrio tinham sido congeladas, além disso, por ser uma técnica altamente sensível, é capaz de detectar inclusive quantidades muito baixas de DNA bacteriano e ser útil para estimar o nível de severidade da endometrite.
Dispensar o cultivo é mais uma grande vantagem, pois dessa forma a contaminação é evitada, proporcionando mais segurança e a obtenção de resultados mais rapidamente. Segundo apresentado na publicação científica, para validar a nova técnica de estudo molecular do microbioma para a aplicação clínica, a equipe de cientistas envolvida está trabalhando em superar os 25% de não concordância em comparação com o conjunto histeroscopia + histologia + microbiologia. Inclusive apesar dos passos que devem ser percorridos para aumentar a concordância do teste, os resultados são potentes, principalmente porque pode dar luz aos difíceis casos invisíveis de patologia endometrial assintomática em pacientes inférteis.
Marcia Riboldi, PhD – Geneticista VP Medical Devices & Igenomix América Latina