O teste genético EMBRACE realiza a genética embrionária antes da gravidez para reduzir o risco de aborto e aumentar as chances de nascimento de um bebê saudável sem a necessidade de uma biópsia de embrião.
Esse teste pode ser uma alternativa não invasiva em situações em que não há uma indicação clínica para o PGT-A, como uma idade inferior a 37 anos ou tratamento com óvulos doados, por exemplo.
10 bebês já nasceram após serem selecionados com ajuda do EMBRACE e 50 gestações estão em curso atualmente (dezembro de 2021).
O EMBRACE, que foi lançado em 2020, permite definir uma ordem de transferência embrionária considerando a probabilidade do embrião ser euploide, ou seja, cromossomicamente normal. A análise dispensa a biópsia embrionária já que a tecnologia desenvolvida pela Igenomix após vários anos de pesquisa detecta o DNA livre circulante presente no meio de cultivo em que o embrião foi depositado durante seu desenvolvimento embrionário no laboratório de FIV (Fertilização in Vitro).
Atualizações científicas sobre o EMBRACE
Os congressos mais importantes de reprodução assistida em 2021 trouxeram informações interessantes sobre estudos realizados sobre o EMBRACE que quero compartilhar com você aqui.
O primeiro foi apresentado no ASRM, o congresso da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva realizado pelo grupo do Denny Sakkas, do Boston IVF. Nele foram comparados o grupo que fez PGT-A com o grupo que fez o EMBRACE para analisar o impacto que poderia ter um cultivo estendido até D6 (dia 6 de desenvolvimento embrionário).
Esta comprovação foi importante já que para alcançar uma alta acurácia, o teste EMBRACE requer um protocolo onde o embrião deve permanecer em cultivo até o dia 6. Uma vez que tradicionalmente o cultivo embrionário era levado na maioria das vezes até o dia 5. Esse estudo verificou o impacto da implementação do cultivo estendido quanto a taxa de blastocisto, taxa de embriões euploides e de nascidos vivos.
Foi observado no estudo uma taxa de nascidos vivos entre PGT-A e EMBRACE muito similar, em torno de 61-65% e uma taxa de aborto também parecida, sem diferenças estatísticas.
Outro trabalho que eu quero trazer para vocês, que também foi apresentado no ASRM, estudou a realização do EMBRACE em embriões que estavam congelados. Para o propósito do estudo foram utilizados embriões que já tinham sido biopsiados e feita a comparação com os resultados do PGT-A.
No processo, os embriões foram descongelados e permaneceram em cultivo em tempos distintos de 8 e 24 horas. Esse trabalho foi muito interessante porque mostrou que embriões que ficam em cultivo após o descongelamento apresentam uma alta taxa de concordância global.
Portanto EMBRACE é uma possível ferramenta para aqueles embriões que já estão congelados, lembrando que todas as clínicas antes de oferecer esse teste passam por uma validação do protocolo em seu laboratório para garantir o treinamento da equipe e os melhores resultados de concordância.
O terceiro trabalho sobre o EMBRACE que trago para vocês é o estudo que foi apresentado pelo Hosptial Ruber International com colaboração do Dr Yosu Franco durante o ESHRE desse ano, o Congresso Europeu de Reprodução Humana e Embriologia.
Nesse estudo, primeiro foi realizada uma validação de concordância entre EMBRACE e a células propriamente ditas do embrião obtidas do processo de biopsia para análise com PGT-A, que alcançou 87,5%.
Segundo, em relação ao impacto clínico eles analisaram os resultados de nascidos vivos entre diferentes grupos:
- Pacientes que realizaram PGT-A;
- Pacientes que realizaram EMBRACE;
- Pacientes que tinham como critério de transferência da avaliação morfológica do embrião.
Os resultados foram que a taxa de gravidez clínica em relação ao PGT-A e o EMBRACE ficaram em torno de 69%, já a taxa de gravidez clínica do grupo que não teve uma análise genética ficou em torno de 57,7,5%. Em relação a taxa de gravidez em curso, o grupo que analisou com PGT-A e o EMBRACE ficaram em torno de 61%, já o grupo que não teve analise genética com 48%. neste último caso apresentando uma diferença com relevância estatística em relação a embriões analisados geneticamente.
Por fim, eu apresento um estudo que teve participação do grupo Nilo Frantz e Boston IVF, onde foram analisados 117 embriões, massa celular interna, trofectoderma e o meio em que esses embriões foram mantidos com o DNA livre circulante apresentando na ASRM 2021.
Como resultado, foi identificada uma concordância de 85% entre as amostras do meio com o DNA livre circulante e massa celular interna. Já a amostra do meio com o DNA livre circulante e trofectoderma em torno de 89%, ou seja, em ambos os casos uma alta concordância.
Susana Joya, Assessora científica Igenomix Brasil.