Atualmente, para priorizar os casos mais graves, os testes para o novo coronavírus têm sido realizados apenas em casos mais críticos devido a que no momento não há kits para uma testagem a nível global.
Enquanto não é possível ampliar o acesso ao teste, como forma de conter a epidemia e reduzir ao máximo as chances de contágio, o distanciamento social e cuidados de higiene são as estratégias adotadas mundialmente.
No entanto, em um segundo momento, para que nossas vidas possam ser retomadas com segurança, as medidas que farão parte de nosso futuro próximo incluem:
- Testagem generalizada
- Distanciamento social de pessoas em risco e não imunizadas
- Isolamento dos doentes
Diante da pandemia o Brasil agiu rápido, quando comparado com grande parte dos países, em adotar a estratégia apresentada pelo Ministério da Saúde convocando o isolamento social como a melhor maneira de achatar a curva de contágio para dessa forma evitar o colapso do sistema de saúde e reduzir o risco a vida da população.
Aproximadamente 80% dos afetados pelo COVID-19 não apresentam sintomas, porém podem contagiar a outras pessoas. Por esta razão, a preocupação sobre como garantir a saúde de todos quando o isolamento social já não puder ser mantido tem sido o foco da comunidade científica.
Em busca de um passaporte imunológico
Especialistas de todo o mundo estão mobilizados em encontrar formas de controlar a disseminação do COVID-19 e ampliar o volume de testes disponíveis para que seja possível identificar a infecção e também a imunização desenvolvida por muitos que foram infectados pelo novo coronavírus.
No entanto, é importante saber que os testes não são todos iguais. Entenda os benefícios e limitações de cada um deles a continuação.
Teste para coronavírus disponíveis
Os testes disponíveis podem variar entre os laboratórios onde eles são realizados. Todas as opções disponíveis no mercado são validadas, porém quanto maior o volume de casos confirmados por um determinado teste, maior a sua confiança.
Além das diversas opções de laboratórios, existem duas técnicas disponíveis de processamento que podem ser RT PCR ou ELISA. Como opção em desenvolvimento, estão os testes de detecção por sequenciamento de nova geração (NGS), o que poderia nos trazer um benefício em relação ao volume de amostras para serem analisadas com alta precisão.
RT PCR
A técnica para o diagnóstico do COVID-19 causado pelo vírus SARS-CoV-2, é a RT PCR, realizada a partir de coleta de sangue ou materiais das vias aéreas. O diagnóstico por PCR é utilizado para outras doenças infecciosas, além de mutações pontuais em genes relacionados com doenças genéticas.
PCR tem um maior poder de diagnóstico com capacidade detectar a carga viral mesmo em quantidades mais baixas e patógenos, porém sua desvantagem é que pode ocorrer a replicação de fragmentos não específicos, onde é necessária confirmação posterior.
O prazo de resposta do RT-PCR pode variar entre os laboratórios e sempre que houver discordância com o quadro clínico epidemiológico, o exame deve ser repetido em outra amostra do trato respiratório.
ELISA
ELISA é uma ferramenta diagnóstica bastante utilizada, tem sido popularmente chamada por teste rápido e é baseada na reação de antígenos-anticorpos. Existem vários modelos de testes de ELISA; em sua forma mais simples, um antígeno aderido a uma placa é preparado; a seguir coloca-se sobre este os soros em teste (ex. soro humano), na busca de anticorpos contra o antígeno.
Esta técnica apresenta a vantagem de praticidade e rapidez, porém tem a desvantagem de que, é necessário esperar pelo período conhecido como “janela imunológica” para sua realização, o que significa que o diagnóstico precoce é dificultado. Os testes de ELISA já são amplamente utilizados em diagnóstico.
NGS
O sequenciamento de nova geração (NGS) permite um fluxo de trabalho de pesquisa para sequenciamento genômico completo do SARS-CoV-2. Através do uso de um conjunto de primers de coronavírus universais altamente específicos e combinados com uma mistura principal de alta fidelidade, todos os segmentos genômicos são amplificados e os amplicons de DNA são sequenciados em sequenciadores modernos, possibilitando resultados em menos de um dia. Entretanto, está técnica está começando a ser validada.
Conclusões
Atualmente a técnica denominada “padrão ouro” é a RT-PCR, já que possui a validação e capacidade de detectar a presença do vírus em seus estágios iniciais, já a tecnologia ELISA, por rastrear os anticorpos é importante para constatar quando uma pessoa desenvolveu imunidade para o vírus. Já a técnica NGS, quando estiver pronta, provavelmente apresentará uma vantagem em velocidade, confiança e custo.
REFERÊNCIAS
- Correlation of chest CT and RT-PCR testing in a coronavirus disease 2019 (COVID-19) in china: A report of 1014 cases
- Application of polymerase chain reaction to the diagnosis of infectious diseases
- Reliability Reliability of real-time reverse-transcription PCR in clinical diagnostics: gold standard or substandard?
- Patients with RT-PCR Confirmed COVID-19 and Normal Chest CT.
- Molecular immune pathogenesis and diagnosis of COVID-19
- High specificity of a novel Zika virus ELISA in European patients after exposure to different flaviviruses
- Generation of antibodies against COVID-19 virus for development of diagnostic tools
Marcia Riboldi, PhD – Geneticista e diretora da Igenomix Brasil