O scratching, é uma teoria contraditória que tem gerado muito debate. Em algumas discussões, inclusive foi questionada a relação dos resultados do teste de receptividade endometrial ERA com os efeitos da biópsia endometrial, apesar de que esta ligação não existe.
Para falar do tema, entrevistamos Dr. Carlos Simón, diretor científico da Igenomix e cientista pioneiro no estudo do endométrio humano, viabilidade do embrião e mecanismos que regulam a implantação embrionária.
O que é o Scratching?
A definição do scrathing é uma lesão intencional no endométrio provocada, por exemplo, por uma biópsia ou curetagem com o objetivo de aumentar a receptividade endometrial.
Por que o scratching não deve ser realizado?
Em primeiro lugar, porque o scratching NÃO proporciona nenhum efeito benéfico, carece de justificação científica e já começou a causar as primeiras complicações de Síndromes de Asherman, devido à raspagem contínua do endométrio.
E em segundo, nunca antes na medicina um scratching, ou seja, uma lesão intencionada de um tecido foi elevada à categoria de intervenção terapêutica visando a “cura”.
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Um exercício de lógica
Qual seria sua opinião se um oftalmologista te oferecesse arranhar sua retina como uma tentativa de melhorar sua visão? Ou se o seu otorrino dissesse que raspando seu ouvido interno sua audição talvez poderia melhorar?
Inclusive saindo do campo da medicina, o que acharia se o seu mecânico em lugar de trocar peças em mal estado, simplesmente batesse nas peças para ver se funcionam e cobrasse por isso?
Na medicina reprodutiva, quando alguém decide realizar uma lesão intencional no endométrio da paciente sem saber o que está acontecendo, se trata de exatamente da mesma coisa.
O scratching é uma intervenção perigosa e sem efeitos comprovados que implicam em um custo e um risco para a saúde reprodutiva da paciente que pode ser irreversível.
O teste ERA de receptividade endometrial, por precisar de uma biópsia do endométrio, tem sido erroneamente associado ao scratching, mas existem evidencias de que esta relação não existe.
Dados publicados de 310 pacientes indicam que os resultados obtidos após o Teste ERA são independentes da realização da biópsia ter sido realizada 1, 2, 3, 4, 5 ou 6 meses antes da transferência embrionária
Conforme o estudo comentado, a janela de implantação das pacientes (WOI) permaneceu ao longo dos meses. Temos inclusive uma segunda geração de bebês nascidos graças à personalização da transferência embrionária a partir de resultados do teste ERA, que foram concebidos com resultados idênticos 4 anos depois da realização da biópsia embrionária.
Preferimos ser não invasivos
O niERA (teste de receptividade endometrial não invasivo) realizado a partir de biópsia líquida, está funcionando exatamente igual o teste ERA. Com ele, mais uma vez estamos comprovando que a retirada de tecido endometrial através da biópsia não tem nenhuma relação com a receptividade endometrial. Esse projeto está em andamento com a participação de alguns parceiros da Igenomix a nível mundial.
O objetivo é melhorar a experiência da paciente e a eficiência dos diagnósticos
Durante a ASRM2017, o 73º Congresso da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva no Texas, EUA, o estudo titulado “Endometrial Fluid Transcriptomics as a New Non-Invasive Diagnostic Method of Uterine Receptivity” revelou que é possível identificar a receptividade endometrial através de fluidos como uma alternativa à biópsia do endométrio.
Com este novo procedimento, a coleta do líquido endometrial é realizada de forma indolor para a realização da análise de assinatura transcriptômica do fluído endometrial.