Hoje foi a abertura oficial do 16th Congresso Geral da RED LARA (Red Latinoamericana de Reprodução Assisitida) em Buenos Aires, Argentina. Um evento que estamos felizes de participar porque além da oportunidade de atualização, estamos anunciando que muito em breve inauguramos um novo laboratório de genética Igenomix em solo argentino.
Na Argentina, diferente do Brasil, que ainda não tem uma lei de Reprodução Humana nem cobertura para os tratamentos de fertilidade, este tema é contemplado desde 2013 na legislação argentina, inclusive obrigando os planos de saúde a cobrir os tratamentos de reprodução assistida para os pacientes que necessitam ajuda médica para engravidar. Segundo a Sociedade Argentina de Medicina Reprodutiva, 8716 ciclos foram iniciados em 2014, o que levou a 2342 gestações confirmadas no país.
RESUMO DOS MELHORES MOMENTOS DO PRIMEIRO DIA DE ATIVIDADES DO CONGRESSO DA RED LARA
PGS para todos?
PGS (screening genético pré-implantacional) elimina o peso da idade materna nos riscos de aborto e falhas de implantação
Acompanhar o avanço da ciência e tecnologia é uma tarefa difícil mesmo em áreas tão dependentes da pesquisa e desenvolvimento como é a medicina reprodutiva. Mas as evidências não deixam dúvidas sobre os benefícios de incorporar o PGS à FIV, principalmente agora que a tecnologia NGS (next generation screening) permite ainda mais precisão no estudo genético do embrião.
Tina Buchholz em sua aula recordou dados publicados na revista científica Fertility and Sterility em 2013:
A incorporação do PGS para todas as pacientes faz ainda mais sentido quando estamos falando de uma elevação da idade materna. Inclusive dentro das clínicas de reprodução humana se nota o aumento da idade média das pacientes, que antes procuravam as clínicas por um fator de infertilidade, hoje são em grande parte pacientes que por razões naturais do envelhecimento do aparelho reprodutor têm um índice elevado de alterações cromossômicas nos óvulos que reduzem as chances de gravidez, incluindo casos de mosaicismo embrionário.
Como muito bem ilustrado durante a aula de Santiago Munné, inclusive utilizando o estudo randomizado realizado pela Igenomix publicado na revista Fertility and Sterility, os benefícios do PGS são importantes para identificar embriões viáveis para a gravidez.
Diferença de tecnologia de CGH-array para NGS
Entre a sopa de letras das técnicas e serviços de genética humana, muitos não conheceram o real significado que a chegada do NGS representou. Muitas vezes o foco principal do ganho foi a redução de custos para o estudo genético do embrião, algo realmente muito importante para a democratização do tratamento.
Mas o benefício vai além, como apresentado no estudo realizado com amostras de 52 perdas após transferência de embriões euploides diagnosticados pela técnica CGH-array que foram reanalisados por NGS. O estudo revelou que a precisão do NGS poderia ter evitado 54% de perdas, graças especialmente pela possibilidade atual de identificar mosaicismo embrionário.
Falando de mosaicismo embrionário, um assunto que continua em discussão, principalmente quanto estamos diante de casos onde os pacientes não possuem embriões euploides, ou seja, onde todas as células analisadas a partir da biópsia embrionária são cromossomicamente normais.
Alguns casos de mosaicismo embrionário podem chegar a implantar e gerar um bebê saudável, porém o risco de uma perda gestacional e nascimento de um bebê portador de doenças genéticas graves sem cura é alto. Algo totalmente contraditório ao objetivo de quem realiza um PGS. Por isso, antes de assumir tal risco, é fundamental contar com um aconselhamento genético.
Ampliando o foco da implantação: Nem tudo depende só do embrião
Em um sistema tão complexo como a reprodução humana, muitas variáveis contribuem para o sucesso ou fracasso da gravidez. Algo que pouco a pouco a ciência vai revelando para reduzir a ainda grande porcentagem de casos considerados como infertilidade sem causa aparente (ISCA).
A receptividade endometrial é um dos fatores que podem contribuir muito para o sucesso do tratamento de reprodução humana. Uma informação que ao contrário de determinar o nível de fertilidade, revela a importância da personalização da Fertilização in Vitro.