Referência: boletim informativo ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva) e Ministério da Saúde do Brasil
À medida que o coronavírus (COVID-19) se espalha pelo mundo especialistas em saúde, políticos e o público em geral, estão buscando conselhos sobre como orientar pacientes que estão em tratamento de fertilidade.
Atualmente, muito pouco se sabe sobre o impacto do coronavírus na reprodução e na gravidez. Há relatos de mulheres que testaram positivo para covid-19 e deram à luz a bebês livres da doença. (1,2) Esses dados são reconfortantes, mas devem ser interpretados com cautela, dado que números de casos analisados é baixo. Outras formas de coronavírus (3, 4) foram ligadas ao aumento dos desfechos adversos durante a gravidez, mas os dados específicos do COVID-19 ainda não estão disponíveis.
Deve-se ressaltar, no entanto, que os coronavírus não estão relacionados ao ZIKA vírus, que tinha implicações muito claras para a gravidez e o desenvolvimento fetal. Dadas as informações que temos, embora seja sábio para indivíduos com infecção covid-19 confirmada ou presumida evitarem a gravidez, parece não haver motivo para alarme para aqueles que já estão grávidas.
No entanto, por precaução, pacientes em risco (febre e/ou tosse, falta de ar ou exposição a uma distância de 1,8m de um afetado pelo covid-19 e dentro de 14 dias do início dos sintomas, ou um resultado positivo do teste COVID-19), incluindo aqueles que planejam usar doadores de oócitos, doadores de esperma ou útero de substituição, devem se esforçar para evitar uma gravidez.
Para os pacientes afetados pelo coronavírus que estão em tratamento ativo de reprodução assistida, sugerimos que considerem o congelamento de óvulos ou embriões e evitar uma transferência de embriões até que estejam livres de doenças. Observe que esta recomendação não se aplica necessariamente quando há apenas uma suspeita de COVID-19, pois os sintomas do COVID-19 são muito semelhantes a outras formas mais comuns de doenças respiratórias.
A ASRM/SART recomenda que todos seus membros e colaboradores estejam familiarizados com a orientação de viagem diariamente, conforme previsto pelo CDC, pois é esperado que mude com frequência. https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/travelers/index.html
Este conselho se aplica tanto a homens como a mulheres. Os pacientes que têm viajado longas distâncias para suas cidades também devem considerar a obtenção de cópias de seus prontuários, caso precisem transferir seus cuidados para um centro médico local.
A ASRM e a SART continuam preocupadas que as restrições de viagem devido ao vírus possam causar aos pais que estão utilizando útero de substituição chegarem a tempo hábil ao encontro do recém-nascido. Consequentemente, encorajamos fortemente todos tentantes, profissionais jurídicos, organizações e programas que facilitam esses arranjos a tomar prontamente as medidas necessárias para identificar famílias que podem ser afetadas e desenvolver contingências caso esses bebês precisem ser cuidados após o nascimento.
As clínicas membros da ASRM/SART que trabalham com útero de substituição são solicitadas a entrar em contato com seus pacientes e com as organizações e programas que facilitam os arranjos de útero de substituição para incentivá-los a garantir que essas medidas sejam tomadas.
Finalmente, todos os profissionais de saúde reprodutiva e seus pacientes são encorajados a seguir instruções dos departamentos estaduais e locais de saúde e ficar a par das últimas diretrizes e atualizações emitidas pelos Centros de Controle de Doenças dos EUA e Prevenção (CDC) e os sites da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA sobre a evolução dos desenvolvimentos relativos à pandemia COVID-19.
Situação do coronavírus no Brasil
Apesar de nesse momento o Brasil ter um número baixo de casos confirmados é importante atualizar-se diariamente e manter medidas preventivas.
O Ministério da Saúde regulamentou os critérios de isolamento e quarentena que deverão ser aplicados pelas autoridades de saúde local para pacientes com suspeita ou confirmação de infecção por coronavírus no Brasil. As regras entraram em vigor a partir de 12 de março com a publicação de portaria no Diário Oficial da União (DOU). A medida faz parte das ações para enfrentamento da Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) decorrentes do coronavírus. O objetivo é evitar a dispersão do vírus pelo país.
Foi criado o site http://plataforma.saude.gov.br/novocoronavirus/ onde o Ministério da Saúde notifica os casos em cada estado brasileiro e também a situação no Mundo.
Referências:
- Lei D WC, Li C, Fang C, Yang W, Cheng B, Wei M, Xu X, Yang H, Wang S, Fan C. Clinical characteristics of pregnancy with the 2019 novel coronavirus disease (COVID-19) infection. Chinese Journal Perinatal Medicine 2020;23(3).
- Chen H GJ, Wang C, Luo F, Yu X, Zhang W, Li J, Zhao D, Xu D, Gong Q, Liao J, Yang H, Hou W, Zhang Y. Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet 2020;395(10226):809-15.
- Alfaraj SH, Al-Tawfiq JA, Memish ZA. Middle East Respiratory Syndrome Coronavirus (MERSCoV) infection during pregnancy: Report of two cases & review of the literature. J Microbiol Immunol Infect 2019 Jun;52(3):501-3.
- Wong SF, Chow KM, Leung TN, Ng WF, Ng TK, Shek CC, et al. Pregnancy and perinatal outcomes of women with severe acute respiratory syndrome. Am J Obstet Gynecol 2004 Jul;191(1):292-7.