As possibilidades da genética avançada causa entusiasmo a cada novo anúncio de descobrimento científico, mas também certa preocupação com relação aos limites que devemos chegar. O propósito da ciência é melhorar a nossa vida e principalmente a ciência ligada à saúde, mas qual é o limite? O que podemos e o que devemos é uma discussão ética que supera as questões técnicas sobre encontrar a cura e tratamento das doenças genéticas.
Com a utilização do CRISPR‐9 em linhas germinais, poderíamos corrigir inúmeras alterações editando genes que passariam de geração a geração já corrigidos. Porém, ainda não temos controle de que essa alteração realmente só modificaria essa linhagem em específico e não o genoma por um todo. Por isso, muitos estudos e pesquisas científicas ainda são necessários.
Que tenha sido aprovado no Reino Unido utilizar o CRISPR-9 para pesquisar as causas do aborto espontâneo, demostra um bom exemplo de uso que esta tecnologia pode ter, pois sempre que empregada de maneira correta, visando o melhoramento genético a nível terapêutico, pode trazer inúmeros benefícios ligados à área. Estamos falando não somente de curar doenças genéticas graves, mas também de uma possível redução de despesas com saúde.
Atualmente, se pudéssemos utilizar essa ferramenta, estaríamos trabalhando com células germinais ainda mais prematuras que os próprios óvulos e espermatozoides, não sendo necessário a manipulação de embriões. A técnica seria empregada em laboratórios que possuem todos os mecanismos tanto de cultivo celular, como de utilização de vetores, para a modificação genética e isso requer uma série de cuidados; como utilização de salas brancas, ISO e equipamentos voltados somente para trabalhar com cultivos humanos.
Precisamos falar mais sobre a edição genética
Enquanto este futuro já próximo não chega, é importante uma reflexão não apenas entre especialistas, mas de toda a sociedade para estabelecer limites sobre as práticas de laboratório, tais como dispomos hoje em dia na seleção embrionária, que tem o propósito de identificar os embriões compatíveis com a vida e dessa forma, evitar abortos e doenças genéticas graves que podem levar à morte prematura ou uma vida com condições limitadas.
O uso dessa nova ferramenta deve ser utilizado diretamente ligado a ética, pois senão, estaremos recebendo solicitações de controles, tais como cor do cabelo, cor dos olhos, inteligência, raciocínio e etc. fazendo com que o emprego seja totalmente desnecessário.