Endometriose é uma doença que, apesar de afetar cerca de 1 de cada 10 mulheres, ainda é bastante desconhecida para a maioria das pessoas.
No entanto, quem atua em reprodução humana, assim como todas as mulheres que começam a pesquisar informações sobre fertilidade, escutam muito sobre endometriose.
Bastante conhecidos são alguns dos seus sintomas, como por exemplo fortes cólicas durante o período menstrual e até mesmo fora dele. Entrevistei o Dr. Renato Tomioka, ginecologista especialista em reprodução humana da Clínica VidaBemVinda, que respondeu muitas dúvidas sobre este assunto. Leia, ou se preferir, assista o vídeo da entrevista que compartilhamos no final deste post.
Como saber se minha cólica está relacionada à endometriose?
Antes de mais nada, é importante conhecer os sintomas clássicos da endometriose:
- Dismenorreia: Cólica menstrual, que pode ser forte, moderada e inclusive leve. Se a presença da cólica é algo que já acompanha você por algum tempo, o ideal é investigar.
- Dor durante a relação sexual, em geral na penetração profunda. Isso pode doer justamente porque mobiliza alguns ligamentos do útero e gera dor.
- Dor ou alteração intestinal durante a menstruação. Durante a menstruação, os focos de endometriose estão “acesos”, ou seja, inflamados. Isso pode gerar dificuldade para evacuar, sensação de querer evacuar, mas sem conseguir, e, às vezes sangramento nas fezes.
- Alterações urinárias cíclicas: Dificuldade para fazer xixi, dor e até sangramento.
- Dificuldade para engravidar após um ano de tentativas (infertilidade)
Exames que detectam a endometriose
Hoje em dia é mais fácil detectar a endometriose, mas é preciso contar com profissionais com olhos treinados. Dois exames identificam esta doença:
- Ressonância magnética de pelve
- Ultrassom com preparo intestinal
Por que o anticoncepcional é um tratamento para a endometriose?
O anticoncepcional ou algum outro método hormonal contraceptivo são formas de tratamento dos sintomas da endometriose porque bloqueiam a doença.
Endometriose e embriões alterados: É verdade?
Sim, é verdade, porém não estamos falando de alterações cromossômicas. Por exemplo, quando a gente compara os resultados de Fertilização in Vitro de pacientes com endometriose e pacientes com alguma obstrução tubária, os resultados de gravidez e nascimento do bebê são melhores para as pacientes que não têm endometriose.
Os embriões formados por óvulos de mulheres com endometriose tendem a implantar menos e nascer menos, mas não porque eles têm um risco elevado de alteração genética. Isso ficou claro com os estudos de PGT-A (teste genético pré-implantacional para alterações cromossômicas).
Também foi estudado o impacto da endometriose sobre a receptividade do endométrio. A conclusão da pesquisa que comparou a taxa de implantação de embriões com óvulos de doadoras em úteros de mulheres com e sem endometriose chegou a resultados muito parecidos entre os dois grupos. Ou, seja, não foi identificado um impacto na receptividade endometrial.
O teste ERA é indicado para pacientes com endometriose?
O teste de receptividade endometrial, que identifica o melhor momento para a transferência do embrião nos tratamentos de FIV, é indicado para pacientes com falhas anteriores de Fertilização in Vitro.
A Igenomix estudou se a endometriose provoca alguma alteração no período de receptividade endometrial padrão e não encontrou comprovações científicas que pacientes com endometriose possuem um risco maior de deslocamento da janela de implantação. Portanto, o teste ERA não é uma indicação para portadoras de endometriose, estando elas dentro do mesmo risco que o restante da população geral.
A endometriose afeta cada vez mais gente?
Não sabemos se a endometriose afeta cada vez mais mulheres ou simplesmente atualmente temos mais recursos para identificar esta doença, mas o fato é que devemos estar atentos para detectar a endometriose e tratá-la para melhorar a qualidade de vida das portadoras e evitar que seu avanço provoque a infertilidade.
“Cerca de 40-50% das mulheres com dificuldade de engravidar têm endometriose. Quando analisamos em profundidade as pacientes que receberam um diagnóstico de Infertilidade sem Causa Aparente (ISCA), quase metade é portadora de endometriose que não foi identificada provavelmente por uma falha na investigação.”
Quais são os tratamentos disponíveis para e endometriose?
Além do comentado anteriormente sobre os tratamentos contraceptivos para bloquear a endometriose, também existem as opções:
- Cirurgia minimamente invasiva para reduzir ou combater os sintomas
- Técnicas de Reprodução Assistida, como solução para a infertilidade
- Gravidez como tratamento temporário da endometriose
Com a gravidez a endometriose desaparece?
Desaparecer é um termo errado, mas a gravidez bloqueia a endometriose durante o período gestacional. Um dos fatores é que durante a gravidez há um aumento da progesterona no corpo, que é um dos hormônios utilizado no tratamento a doença.
Se após a gravidez o tratamento não for retomado, é possível que eles voltem.
Acesse essa entrevista e outros vídeos sobre a endometriose e fertilidade no canal de youtube da Igenomix Brasil
Marcia Riboldi, PhD – Diretora da Igenomix Brasil