A endometriose é uma doença ainda muito desconhecida, apesar de também muito frequente entre as mulheres. Estima-se que entre 10-15% das mulheres sofrem com esta doença que na maioria dos casos provoca fortes dores durante a menstruação ou inclusive de forma crônica.
Entre 30 e 50% das portadoras de endometriose enfrentam dificuldades para engravidar e, quando procuram uma clínica de reprodução humana, têm chances de sucesso mais baixas em seus tratamentos quando comparamos os resultados com mulheres da mesma idade não portadoras.
Não são apenas obstruções e aderências o que dificultam a gravidez para as portadoras de endometriose, estudos comprovam uma redução na qualidade dos óvulos. Entre as pesquisas realizadas nesta área, o estudo sobre os efeitos da endometriose nos resultados da Fertilização in Vitro “Barnhardt K. Fertil Steril 77: 1148 2002” indica menores taxas de gravidez entre as portadoras por influência de fatores endócrinos, imunológicos e a pesquisa liderada por Dr. Carlos Simón, diretor científico da Igenomix “Simón C., et al Hum. Reprod. 9: 725, 1994” analisou o impacto implantacional ligado ao endométrio e ao embrião entre pacientes com endometriose.
O que enfrenta uma portadora de endometriose durante o tratamento da infertilidade?
Os tratamentos de reprodução humana, especificamente a Fertilização in Vitro, que atualmente é o procedimento mais eficaz da medicina reprodutiva apresenta uma taxa de gravidez variável dependendo do diagnóstico da infertilidade do casal e da idade materna. Neste processo já difícil, ser portadora de endometriose é considerado um parâmetro negativo na hora de calcular as chances de gravidez. Por esta razão, é importante adotar medidas complementárias ao tratamento que possam elevar as possibilidades destas mulheres engravidarem.
Em um processo tão difícil, controlar o maior número de variáveis possíveis para aumentar as chances de um resultado positivo do tratamento de fertilização in vitro é fundamental. Pois as pacientes enfrentam:
– Obstáculos provocados pelos focos de endometriose no aparelho reprodutor, que podem impedir o encontro entre o óvulo e espermatozoide
– Produção de prostaglandinas, que são sinais químicos similares aos hormônios que podem afetar a estabilidade tubária, impedindo a correta liberação dos óvulos e a função do corpo lúteo.
– Fagocitose de Macrófagos Peritoneais, o que significa a secreção de substâncias tóxicas para o embrião.
– Síndrome do folículo não roto (LUF). Existem teorias que sugerem que cerca de 60% das mulheres com endometriose sofrem da síndrome onde durante o ciclo da ovulação, o processo que permite que o folículo libere o óvulo não acontece, fazendo com que o mesmo fique preso e não possa ser fecundado.
Estratégias para aumentar as chances de gravidez do tratamento
A eficácia dos tratamentos de reprodução humana tem aumentado com a ajuda da genética, portanto, as portadoras de endometriose podem contar com estes recursos para que as chances de gravidez do seu tratamento sejam maiores.
PGS – Screening genético pré-implantacional:
Através do Screenging Genético pré-implantacional (PGS) o tratamento de Fertilização in Vitro é mais assertivo, pois os médicos identificam os embriões cromossomicamente saudáveis antes de realizar a transferência embrionária ao útero materno.
ERA – Teste de receptividade endometrial:
O teste de receptividade endometrial é necessário para cerca de 25% das pacientes de reprodução humana. Esta porcentagem corresponde às mulheres que possuem a janela de implantação fora do padrão e por esta razão os tratamentos de fertilização in vitro que não são personalizados à sua necessidade fracassam.
Apesar das portadoras de endometrioses não terem um risco aumentado de deslocamento da janela de implantação, elas estão dentro da média onde 1 de cada 4 irá precisar do teste ERA. Portanto, incluí-lo dentro da bateria de exames antes da fertilização in vitro, irá evitar um ciclo de tratamento sem possibilidades de sucesso por não considerar este fator antes.