Que as mulheres tenham filhos cada vez mais tarde é um fato que vai muito além de uma decisão que a mulher toma sozinha. Priorizar a carreira não é apenas uma opção individual, mas sim uma postura praticamente obrigatória nos dias de hoje por diversos fatores profissionais e pessoais. Além disso, poucas pessoas tem a sorte de encontrar sua outra metade antes dos 30 anos.
Como resultado, esta mudança social impulsionada pela economia e fortalecida por uma vida mais longa, com saúde e disposição, dá a falsa sensação que aos 40 anos podemos viver como se tivéssemos 30, o que é verdade em muitos aspectos, mas não quando falamos de gravidez segura e bebê saudável devido a razões genéticas.
O relógio biológico não acompanha as mudanças sociais tão rápido e a ciência ainda não garante 100% de sucesso para aqueles que procuram tratamento de reprodução humana. Por este motivo, o aumento da infertilidade, assim como o risco elevado do nascimento de bebês com alterações genéticas são fatores que exigem não apenas a busca pela Fertilização in Vitro, mas também o uso de ferramentas que possam concretizar esse sonho minimizando os riscos. Portanto, para uma gestação ainda mais segura após os 40 anos através do tratamento de Fertilização in vitro o Screening genético pré implantacional (PGS) deve ser aplicado a todos os embriões.
Inúmeros estudos revelam que após os 40 anos mais de 80% dos embriões estudados em pacientes que realizam tratamentos de Fertilização in Vitro possuem alterações cromossômicas que representam uma parte importante dos fracassos dos tratamentos de fertilidade e são a causa de muitas falhas, abortos ou ainda podem levar ao nascimento de um bebê com doenças sem cura.
Quais são as alternativas para evitar a infertilidade e reduzir o risco de alterações genéticas nos bebês?
Mulheres que têm acesso a mais informação cada vez mais realizam o congelamento de óvulos antes dos 35 anos e com isso podem aumentar suas chances de ter filhos no futuro com a ajuda de um tratamento de Fertilização in vitro convencional; estas chances sempre serão maiores e mais seguras se o médico incluir os estudos genéticos de embrião. Porém, os óvulos gerados aos 40 anos têm menos chances de sucesso sem o apoio das técnicas da genética, ou seja, nesta idade o PGS é uma necessidade.
Com o avanço da medicina reprodutiva que ocorreu nos últimos anos, muitas clínicas de reprodução humana acompanharam a evolução e incorporaram o estudo genético dos embriões para que o tratamento de reprodução humana seja mais eficaz e também para garantir mais saúde ao bebê principalmente nos casos mais difíceis, mas hoje, com a redução do preço e ampla comprovação da segurança do PGS, este teste genético se estendeu a um número mais amplo de pessoas, chegando a um ponto onde investir em um tratamento de fertilização in vitro que não considera um ponto tão importante quanto é a saúde genética do embrião é um risco que não vale a pena correr.
A maior parte dos óvulos das mulheres aos 40 anos e mesmo um pouco antes, a partir dos 38 anos, apresentam alterações cromossômicas que inviabilizam a gravidez, podem levar ao aborto ou ao nascimento de um bebê com patologias cromossômicas como a Síndrome de Down, por exemplo, que é a mais conhecida, mas certamente não é a pior ameaça ao bebê, que pode ter sua esperança e qualidade de vida comprometida por cromossopatias mais graves como a Síndrome de Edwards e Síndrome de Patau.
A mulher certamente se sente mais afetada pelas questões reprodutivas por que a maior parte do processo para o nascimento do bebê acontece no seu corpo e mesmo quando o fator de infertilidade é masculino, é a mulher que geralmente toma a frente na busca do tratamento e passa por procedimentos mais complexos de preparo para possibilitar a gravidez.
Concluindo, a família tem a mulher em sua posição central por questões biológicas, mas ela não está sozinha nestas decisões. Por isso, quando o momento de engravidar chega ao redor dos 40 anos, o mais importante é estar informada e procurar procedimentos que possam reduzir os riscos ao bebê e oferecer mais chances de sucesso.
Marcia Riboldi, diretora da Igenomix Brasil
