No último dia do PGDIS, o custo econômico para o sucesso do tratamento de reprodução humana, a edição genética e epigenética utilizando a ferramenta CRISPR e perspectivas de futuro, concluíram a 16ª edição da Conferência de Pré-implantação Genética como um encontro completo que valeu muito a pena participar.
Foram muitas aprendizagens e trocas de experiência, um conteúdo amplo e difícil de resumir, por isso, convidamos você a consultar nossas publicações passadas e acompanhar as futuras, pois daremos continuidade ao nosso objetivo de compartilhar conhecimentos, tanto através das pesquisas que realizamos diretamente, quanto pelas atualizações que mantemos por nossa relação com a produção científica mundial.
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Quanto custa a FIV com PGS?
Conforme estudo apresentado, o tratamento para engravidar pode ser mais barato com o PGS (screening genético pré-implantacional), sendo que a partir dos 36 anos da mulher, a estimativa de investimento total para engravidar será similar com o sem o estudo genético dos embriões. O exercício realizado mostrou as vantagens econômicas, mas além disso, sabemos que os benefícios não se limitam aos custos, já que existem fatores não quantificáveis financeiramente que custam e afetam de forma profunda os futuros pais, como por exemplo o impacto emocional de um aborto e o nível de estresse relacionado a repetir ciclos de tratamento alargando a espera para ter um bebê em casa.
Sobre o risco de aborto para um casal onde a idade materna é 38 anos:
– Taxa de aborto de embriões estudados geneticamente por PGS: 5-8%
– Taxa de aborto de embriões transferidos sem realizar estudo PGS: 25-30%
O aborto pode trazer mais que consequências emocionais e financeiras, pois eventuais complicações na expulsão do feto podem aumentar o risco de Síndrome de Asherman, afetando as chances de engravidar novamente.
Em pacientes onde a mulher tem 38 anos as chances de ter o bebê são:
– Sem PGS na primeira tentativa: 23%
– Com PGS na primeira tentativa: 59%
Identificar os embriões cromossomicamente normais, por sua efetividade, reduz também o tempo de espera para conseguir engravidar, conforme o estudo apresentado pela Drª Carmen Rubio.
Como consequência, a média de transferências necessárias para o nascimento de um bebê com saúde de FIV com PGD-A (PGS) é menor:
– Número de transferências para conseguir a gravidez com PGS: 1,8
– Número de transferências para conseguir a gravidez sem PGS: 3,7
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CRISPR para um futuro livre de doenças genéticas
Um dos grandes momentos do PGDIS foi ouvir o que Dr Juan Carlos Izpizua tinha a dizer sobre a edição genética. E para introduzir este assunto, foi necessário recordar o que nós que estamos envolvidos nesta área conhecemos, mas que é pouco difundido ao público geral. Estamos falando da epigenética:
Epigenética: Fatores/Processos moleculares ao redor do DNA que regulam a atividade do genoma, independente da sequência do DNA e é mitoticamente estável.
É a epigenética que vai explicar como é possível que gêmeos idênticos tenham problemas de saúde diferentes e inclusive mudem de aspecto ao longo da vida, conforme vemos no slide:
Atualmente a ferramenta CRISPR já está conseguindo resultados positivos na edição genética e epigenética em testes clínicos in vivo, ou seja, através de pesquisas em camundongos. Nestes testes, doenças estão sendo curadas, o que aponta um caminho para aplicação em humanos.
Quando será possível editar o genoma humano?
Dr Izpizua está otimista com relação a uma aprovação futura da FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos. Segundo o especialista, com o sucesso das fases in vivo e comprovação de segurança da técnica para a cura de doenças que já estão sendo observadas, progredir os estudos para a aplicação humana é uma expectativa de todos para finalmente curar doenças graves que até hoje não têm solução.
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Perspectivas sobre o rejuvenescimento de ovário e biópsia líquida
Para finalizar o resumo, não poderia faltar comentar duas contribuições importantes sobre projetos em desenvolvimento.
– Rejuvenescimento de ovário foi um tema muito esperado onde Dr Antonio Pellicer apresentou o experimento que visa desenvolver o tratamento contra o envelhecimento dos ovários, que é o principal obstáculo da menopausa precoce e também da maternidade tardia. O objetivo é estimular a função ovariana com a ajuda de células tronco.
– Biópsia líquida é uma das expectativas de futuro aguardada por muitos. Como bem apresentado pelo Dr Antonio Capalbo, apesar da segurança da atual biópsia de blastocisto, um procedimento não invasivo e mais barato é o caminho que buscamos sempre. O desafio para este avanço é controlar a contaminação do fluido de cultivo e obter material suficiente para a amplificação do DNA, porém é possível que esta técnica não seja capaz de substituir o diagnóstico atual, conforme vemos no slide de pós e contra do Dr Capalbo.