Informação é poder. Já se sabe faz tempo. Por isso hoje, quando a informação em todos os níveis de precisão e inclusive veracidade (ou não) estão disponíveis on line, o poder está mudando de mãos, pelo menos em alguns âmbitos da sociedade, entre eles na área da saúde.
O papel do médico obviamente continua sendo fundamental, mas não mais como a figura de autoridade que irá dizer o que o paciente deve ou não fazer. Seu papel como especialista é proporcionar informações sobre a saúde e o bem estar do paciente. Os possíveis meios de encontrar soluções existentes, seus benefícios e riscos para que a decisão final seja uma escolha realizada pelo próprio paciente, que com frequência irá comparar e avaliar a partir do seu repertório pessoal antes de uma escolha final.
Neste contexto, o aconselhamento genético vem ganhado cada dia mais relevância. Não apenas pelos avanços das pesquisas sobre o genoma, mas também porque este especialista sempre teve um caráter de conselheiro.
O aconselhamento genético atualmente pode ajudar no planejamento familiar, na prevenção de doenças hereditárias sem cura e inclusive no entendimento de causas de infertilidade de pessoas que já passaram por diversos ciclos de tratamento de Fertilização in Vitro (FIV) sem sucesso. Geralmente em conjunto com o especialista em reprodução humana assistida, que está ao centro da relação dos pacientes com várias outras especialidades médicas que complementam um tratamento individualizado para o nascimento de um bebê saudável.
Medicina de precisão é medicina personalizada
Os tratamentos de reprodução humana assistida ainda estão longe de alcançar uma efetividade de 100%, muito pelo contrário, é bastante comum precisar de mais de um ciclo de Fertilização in Vitro para alcançar o sucesso de uma gestação.
Diante desta realidade incerta, os pacientes têm uma grande necessidade de participar ativamente das decisões. Levando ao consultório tudo que identificaram que poderia de alguma forma aumentar suas chances de sucesso. Isso acontece principalmente pelo impacto emocional e financeiro de não conseguir o positivo de gravidez após um ciclo de tratamento.
Como consequência, os médicos especialistas em reprodução humana não apenas atuam tecnicamente, mas dão apoio emocional e esclarecimentos que constroem uma relação de cumplicidade e confiança para o tratamento mais eficiente possível.
Portanto, o médico, além de tirar as dúvidas sobre os incontáveis mitos sobre fertilidade e gravidez, atuam como conselheiros sobre as vantagens e riscos de diferentes técnicas disponíveis para que cada casal tome uma decisão consciente.
Por exemplo, o estudo genético do embrião para alterações cromossômicas é fundamental para mulheres com idade superior a 37 anos, mas pode ajudar as pacientes mais jovens a identificar os embriões com melhor viabilidade e dessa forma ter mais chances de sucesso em seu primeiro ciclo de tratamento evitando o risco de um aborto. Por isso, é crescente o número de pacientes com menos de 36 anos que querem realizar o teste genético pré-implantacional (PGS).
Outro exemplo é a realização do teste de receptividade endometrial (ERA) em pacientes que ainda não tiveram falhas de implantação (que é sua principal indicação). Geralmente a razão de sua realização em um primeiro ciclo está ligada à dificuldade de gerar embriões saudáveis, onde é primordial evitar todos os parâmetros de uma possível falha, personalizando a transferência ao máximo.
Informação é poder
Voltando ao ponto inicial, hoje os pacientes têm informação e querem decidir, mas sabem que nem tudo encontrado on line é confiável, por isso esperam ter com seu especialista em reprodução humana uma conversa franca que esclareça todos os pontos e não exclua nenhuma opção de tratamento que poderia ajudar a aumentar as chances de gravidez em seu primeiro e de preferência único ciclo de FIV.
Marcia Riboldi, PhD – Diretora da Igenomix Brasil