Publicação da revista científica The Lancet identificou que a taxa de nascidos vivos utilizando a seleção de espermatozoides em PICSI e ICSI são similares.
Para entender a diferença entre as técnicas para introduzir um único espermatozoide no óvulo nos tratamentos de Fertilização in Vitro (FIV), além de saber o que pode ser feito para melhorar a qualidade do esperma e fertilidade masculina, entrevistei o andrologista Dr Conrado Alvarenga. Confira!
O que é ICSI?
Injeção Intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) é um nome muito complicado para uma explicação bastante simples: Um único espermatozoide é selecionado e introduzido diretamente no óvulo para que dessa forma a fecundação seja realizada nos tratamentos de FIV.
O que é PICSI?
Injeção Intracitoplasmática de espermatozoide fisiológica (PICSI). Uma variante da ICSI com uma estratégia de seleção realizada com a ajuda de uma substância chamada ácido hialurônico (AH), onde o objetivo é detectar o espermatozoide que em teoria está livre da Fragmentação do DNA espermático; ou seja, que não sofreu danos de DNA que reduzem as chances de gravidez e aumentam os riscos de aborto e síndromes genéticas.
Nesse processo de seleção, os espermatozoides são colocados em uma placa que contém ácido hialurônico para observar aqueles que se ligam a esta substância, o que indica que o espermatozoide é mais maduro.
A teoria é que estes espermatozoides que se ligam ao AH possuem uma taxa menor de fragmentação de DNA espermático, porém não existe nenhum trabalho que comprova que o espermatozoide mais maduro tenha uma taxa de fragmentação do DNA espermático menor.
Na opinião do andrologista Dr Conrado Alvarenga, o fundamento dessa teoria que considera que uma célula menos jovem possui um DNA mais íntegro por si só não é uma comprovação. Segundo o especialista, talvez uma investigação futura (e muito necessária) para provar esta teoria possa comprovar a relação entre a maturidade do espermatozoide e sua capacidade de ligar-se ao AH com a integridade do DNA, mas por enquanto o que temos é um estudo contundente que comprovou uma taxa de nascidos vivos similar entre as duas técnicas (PICSI e ICSI).
Birrefringência como técnica de selecionar espermatozoides
A birrefringência é uma técnica experimental de seleção espermática que considera um fenômeno físico de passagem ótica da luz que em teoria difere os espermatozoides livres de uma fragmentação de DNA espermática dos espermatozoides normais.
Assim como a PICSI e qualquer outra técnica laboratorial, no caso da birrefringência, talvez se comprove que ela pode chegar a ser um recurso efetivo, porém para maximizar as chances temos sempre que tratar de conseguir que o espermatozoide gerado tenha a melhor qualidade possível antes de chegar ao laboratório, só assim estamos também cuidando de aspectos que a ciência ainda não é capaz de identificar, mas que podem afetar as chances de gravidez e nascimento de um bebê saudável.
Como aumentar as chances de gravidez após detectar uma fragmentação no DNA espermático ou um espermograma alterado?
Ao identificar alterações na fertilidade masculina ou nos casos que chamamos de fertilidade sem causa aparente (ISCA), é importante focar em melhorar as condições pré-laboratoriais, ou seja, melhorar a qualidade dos espermatozoides em sua origem.
É fundamental fazer essa melhora com uso de suplementos vitamínicos específicos e através uma mudança de hábitos que favoreça a fertilidade do casal, pois a ciência ainda não tem todas as respostas sobre a infertilidade e deve ser colocado em prática tudo que pode ser feito para aumentar as chances de gravidez natural e sucesso da FIV.
Por muito que as técnicas laboratoriais são importantes e nós especialistas fazemos uso delas, é vital tratar o homem para reduzir os riscos e aumentar o quanto for possível a qualidade seminal.
A formação de um espermatozoide é um processo que pode falhar
O caminho para formar um espermatozoide passa por diferentes etapas e processos que podem afetar a qualidade do espermatozoide muito além do espermograma e da fragmentação do DNA espermático. Por isso, o melhor caminho para reduzir os riscos de falhas na FIV é trabalhar na melhora da qualidade de todos os aspectos que afetam a fertilidade direta e indiretamente, como por exemplo a alimentação, o estilo de vida e também a saúde como um todo.
Assista a entrevista completa com o Dr Conrado Alvarenga:
Marcia Riboldi, PhD – Diretora da Igenomix Brasil