O microbioma humano — o conjunto de microrganismos que habitam nosso corpo tem se mostrado um dos pilares essenciais para o equilíbrio da saúde. Presente na pele, no intestino, na boca e também no sistema reprodutor, esse ecossistema microbiano atua na regulação imunológica, digestiva, inflamatória e até mesmo hormonal.
No contexto da fertilidade, o microbioma endometrial (localizado no útero) tem ganhado destaque nos últimos anos. Estudos mostram que desequilíbrios conhecidos como disbiose podem contribuir para falhas de implantação, abortos recorrentes e infertilidade.
Ao identificar esta informação, especialistas do laboratório Igenomix, parte do Vitrolife Group, desenvolveram os testes EMMA (Estudo Metagenômico do Microbioma Endometrial) e ALICE (Análise da Endometrite Crônica Infecciosa), lançados em 2018, como ferramentas clínicas precisas na medicina reprodutiva e superiores aos métodos clássicos como histeroscopia + histologia + cultura no diagnóstico de endometrite crônica, permitindo uma análise ampla do ambiente microbiano do endométrio e oferecendo insights valiosos para o sucesso do tratamento de fertilidade.
Antes do nosso trabalho, as bactérias que comumente compõem o microbioma endometrial eram amplamente desconhecidas. A Igenomix tem a experiência no estudo do microbioma endometrial mais profunda do que qualquer outro laboratório comercial no mundo.
Após analisar um número de amostras endometriais extremamente grande (> 70.000), identificamos quais bactérias são normalmente encontradas no endométrio em nível de espécie, o que permitiu o desenvolvimento do primeiro e único painel bacteriano endometrial personalizado, lançado em 2023, ampliando a precisão do diagnóstico.
Assista ao vídeo e fique ainda mais por dentro de nossos testes:
Por que detectar bactérias por espécie é importante?
Diferentes espécies de bactérias podem apresentar diferentes graus de resistência a antibióticos, portanto, conhecer a espécie pode ajudar a prescrever o melhor antibiótico.
Também é possível que uma espécie pertencente a um gênero específico seja patogênica, enquanto outra espécie do mesmo gênero não o seja. Se o diagnóstico for feito em nível de gênero, uma antibioticoterapia desnecessária pode ser prescrita, ou seja, antibióticos podem ser receitados sem uma real necessidade.
Terapias direcionadas a partir das recomendações dos testes EMMA e ALICE minimizam os riscos associados aos antibióticos de amplo espectro, incluindo o desenvolvimento de resistência aos antibióticos e a depleção de componentes essenciais da microbiota necessários para a saúde endometrial.
Resistência aos antibióticos: um desafio crescente para a saúde global
A resistência aos antibióticos ocorre quando bactérias desenvolvem a capacidade de sobreviver mesmo na presença de medicamentos que antes as eliminavam. Esse fenômeno é uma das maiores ameaças à saúde pública atualmente, com implicações sérias em tratamentos médicos de rotina.
O uso prolongado ou inadequado de antibióticos pode causar disbiose, prejudicando a microbiota intestinal ou endometrial, por exemplo — o que afeta a imunidade, digestão e fertilidade.
O que sabemos sobre os patógenos na saúde uterina?
- Um perfil endometrial patogênico está associado à falha reprodutiva e à perda gestacional recorrente.
- Bons resultados reprodutivos são observados tanto em pacientes com maior abundância de lactobacilos quanto naquelas com ausência de bactérias (ex. Biomassa ultrabaixa).
Atualização do teste EMMA
Mesmo com resultados superiores na última atualização do teste EMMA em 2023, nossos especialistas não deixam de investigar. Aproveitando a experiência acumulada, continuamos a oferecer avanços na análise e otimização do microbioma endometrial e agora, em 2025, realizamos mais upgrade do teste EMMA:
• Uma visão totalmente aprimorada da população de Lactobacillus, permitindo uma melhor compreensão da capacidade do endométrio de se defender contra a colonização de bactérias patogênicas.
• Resultados de Lactobacillus simplificados e mais fáceis de interpretar, permitindo uma tomada de decisão mais rápida para o plano de tratamento personalizado de uma paciente.
• A metodologia de relatório mais atualizada, apoiada por ensaios prospectivos, para fornecer os melhores resultados para as pacientes (Moreno et al., 2022).
Terapias antimicrobianas direcionadas baseadas nos testes EMMA e ALICE atingiram uma taxa de eliminação de patógenos de 70% em uma semana, o que é consideravelmente maior do que as taxas relatadas com tratamentos convencionais (Cicinelli et al., 2021).
Principais evidências científicas que embasam o estudo das bactérias no interior do útero:

• A modificação patológica do microbioma endometrial está associada a resultados reprodutivos ruins para pacientes de fertilização in vitro. (Moreno et al., 2016)
• O microbioma endometrial deve ser considerado uma possível causa emergente de falha de implantação e perda de gravidez. (Moreno et al., 2022)
• Estudar o microbioma endometrial antes da transferência de embriões oferece uma oportunidade para melhorar ainda mais as estratégias de diagnóstico e tratamento. (Moreno et al., 2022)
• Recomendações de tratamento personalizadas com base nos resultados do EMMA podem melhorar os resultados da fertilização in vitro em pacientes com RIF. (Iwami et al., 2023)
• Abordar a disbiose uterina pode reduzir o tempo de gravidez em pacientes com RIF e RPL. (Iwami et al., 2025).

Virgínia Regla, assessora científica Vitrolife Group