Estudos recentes demonstram a importância do equilíbrio da flora bacteriana do endométrio, que reveste o interior da parede uterina, para o sucesso da gravidez.
Com estas comprovações científicas, dois novos testes foram desenvolvidos e já estão disponíveis no Brasil. São chamados: ALICE (Análise da Infecção por Endometrite Crônica) e EMMA (Análise Metagenômica do Microbioma Endometrial).
Conhecer o microbioma endometrial da mulher permite melhorar os resultados dos tratamentos de reprodução assistida de duas formas:
- Proporciona o diagnóstico de patologias que produzem a infertilidade, como a endometrite crônica
- Comprova o equilíbrio da flora endometrial, que permite identificar se as bactérias que compõe a flora do endométrio são as adequadas para que a gravidez possa acontecer
Os seres humanos têm mais bactérias que células
Os seres humanos possuem 10 vezes mais bactérias que células. Em um corpo de 70 kg, por exemplo, pode habitar entre 30 e 50 trilhões de bactérias. Apesar de saber da existência de um número tão grande de bactérias no corpo, até pouco tempo acreditava-se que o endométrio era um ambiente livre de bactérias.
A comprovação da existência de bactérias no endométrio e sua importância para a fertilidade poderia explicar casos de falhas de tratamentos de reprodução humana em pacientes onde tudo parecia favorável para o sucesso da gravidez.
O grupo de pesquisadores da Igenomix encontrou em mulheres saudáveis dois tipos de perfis de microbiota: “Lactobacilos dominante (LD)” e “Lactobacilos não dominantes”, este último, com uma taxa reduzida de implantação embrionária e maior incidência de abortos.
Com base nos resultados dessa pesquisa, foi desenvolvido o teste EMMA, que permite identificar se o perfil das bactérias do endométrio é favorável ou se é preciso um tratamento probiótico antes da chegada do embrião no útero materno para aumentar as chances de gravidez.
Junto com o teste EMMA, também é possível identificar a presença de bactérias patológicas causadoras da endometrite crônica, que pode estar presente de forma assintomática, conforme explicamos no post sobre o diagnóstico da endometrite crônica.
Como é feito o estudo das bactérias do endométrio?
A partir de uma biópsia do endométrio, que é coletada de maneira rápida e simples pelo ginecologista, é realizado o estudo da presença das bactérias do endométrio por tecnologia de sequenciamento de nova geração (NGS).
Tanto o teste EMMA, quanto o teste ALICE, são realizados a partir da identificação dos genes bacterianos presentes no DNA extraído da amostra do endométrio biopsiado e enviado ao laboratório de genética da Igenomix.
Compatibilidade com a realização do teste ERA
Mais uma vantagem dos novos testes de estudo do microbioma endometrial é que podem ser feitos a partir da mesma amostra coletada para o teste de receptividade endometrial (teste ERA), que identifica a janela de implantação da paciente para indicar o melhor momento de implantação do embrião no útero materno. Esta indicação é importante para o planejamento da transferência embrionária nos tratamentos de Fertilização in Vitro.
Marcia Riboldi, PhD – Geneticista e Diretora da Igenomix Brasil