No primeiro dia do 34º Congresso Europeu de Reprodução Humana e Embriologia, ESHRE2018, a sessão sobre repetidas falhas de implantação e infertilidade sem causa aparente foi a mais disputada da manhã e será o foco da nossa cobertura de hoje.
Entre as aulas dessa sessão, foi apresentado pela Dra Monica Clemente-Císcar, o estudo comparativo sobre a eficácia do uso da tecnologia de sequenciamento de nova geração (NGS) na análise da receptividade endometrial (teste ERA) em comparação com a tecnologia anterior (Array).
Veja na imagem abaixo como o impacto positivo da tecnologia NGS foi comprovado como um preditor bioinformático mais efetivo elevando os resultados positivos do teste ERA para 72,9% de taxas de gestação no tratamento de fertilidade.
A evolução da tecnologia NGS representou um grande avanço nos diagnósticos genéticos, rapidamente superando a tecnologia do Array. Não é por menos que atualmente na Igenomix, o sequenciamento de nova geração é utilizado em todos os testes realizados no nosso laboratório de genética.
Na mesma sessão, foi apresentada a relação da expressão dos receptores andrógenos (AR) mRNA ao nascimento do bebê em mulheres normal e baixa respondedoras na estimulação ovariana durante o tratamento de FIV.
Se comprovados os resultados do estudo liderado pela Dra Vaitsopoulou, teremos um novo fator de prognóstico para o sucesso da gravidez para todos os tipos de respostas à estimulação ovariana durante o tratamento de fertilidade.
Uma visão global do início da jornada da vida
Uma das aulas mais esperadas do dia foi a apresentação Dr Calos Simón, diretor científico da Igenomix, que nos guiou sobre os processos de comunicação entre o embrião e o endométrio. Uma jornada com o foco nos fatores da contribuição materna que inclui a microbiota endometrial, comunicação embrião-endométrio, receptividade endometrial e decidualização.
Ouça com as palavras do Dr Simón o resumo:
Microbiota Endometrial
O endométrio era considerado um ambiente estéril, até que estudos recentes comprovaram a existência de uma população de bactérias e que o equilíbrio dessa flora endometrial pode contribuir para o sucesso da gravidez.
Esta descoberta identificou que alterações no ambiente endometrial estão relacionadas a falhas de implantação ou abortos, enquanto uma flora rica em lactobacilos é favorável para a gravidez.
Os resultados do estudo possibilitaram o desenvolvimento de dois novos testes para a análise do microbioma endometrial (teste EMMA) e o diagnóstico da endometrite crônica (Teste ALICE), este último, com uma eficácia superior ao conjunto de diagnósticos clássicos (histologia, histeroscopia e cultivo do microbioma).
Comunicação materna-embriônica
O primeiro contato do embrião com o útero materno, antes mesmo do início da implantação, marca esta fase da comunicação entre o embrião e endométrio. Um momento que está começando a ser mais estudado e que é especialmente relevante para pacientes em tratamento de doação de óvulos ou útero de substituição.
Este tema foi abordado também na aula do Dr Mikel Azkargorta, em seu estudo do fluído endometrial aspirado no dia da transferência embrionária, onde foram identificadas diferenças na abundância de certas proteínas e baixa atividade de progesterona nos ciclos com falha de implantação.
A receptividade endometrial
A receptividade endometrial marca o momento apresentado por Dr Simón como “Membrane Plasma Transformation”, que é o que permite que o embrião possa fixar-se ao endométrio.
Que o embrião encontre um endométrio receptivo é fundamental para o sucesso da implantação. Para a maioria das pacientes, esta data irá coincidir com o dia padrão de transferência embrionária, no entanto, aproximadamente 1/3 das pacientes vão precisar personalizar este momento para obter o sucesso na Fertilização in Vitro.
O conhecimento acumulado através dos vários anos de realização do teste ERA, assim como o aprimoramento do preditor, conforme apresentado pela Dra Monica, demonstrou que esta ferramenta de apoio a um tratamento efetivo e personalizado tem atingido a cada dia melhores resultados, sendo especialmente indicada em casos de anteriores falhas de implantação.
Decidualização e sua relação com a pré-eclâmpsia
A decidualização é um processo que ocorre no tecido endometrial para o sucesso da implantação embrionária. Um erro nesse processo pode afetar o sucesso da gravidez ou em caso de positivo, estar relacionado a problemas de placenta prévia durante a gravidez.
Este estudo é mais uma linha de pesquisa da Igenomix, com primeiros resultados apresentados na revista científica PNAS.
Visite nosso stand!
Se você está em Barcelona, faça uma visita ao stand da Igenomix na ESHRE2018. Ali você encontrará equipes de nossos laboratórios de todo o mundo!
Acompanhe mais novidades da ESHRE nos próximos dias em nosso blog e redes sociais!
Marcia Riboldi, PhD – Diretora da Igenomix Brasil