Endometrite e endometriose são duas palavras muito semelhantes que se referem a condições que afetam o tecido que reveste o interior do útero (endométrio), mas não são sinônimos. É importante não confundir endometrite com endometriose porque, embora ambas possam levar à infertilidade, são duas condições distintas com causas, sintomas e tratamentos muito diferentes.
Endometrite é a inflamação do endométrio causada por uma infecção bacteriana. A endometriose, no entanto, ocorre quando o endométrio se espalha para outros tecidos fora do interior da cavidade uterina cuja origem ainda está sendo pesquisada.
O fato é que a endometrite e a endometriose podem provocar a infertilidade. A saúde endometrial é fundamental quando se trata de engravidar, portanto, ambas são um problema para a concepção quando não tratadas.
O que é endometrite?
A endometrite é uma inflamação do endométrio, que é o tecido que reveste o interior do útero, provocada por uma infecção. Esta infecção pode ser aguda, ou seja, surgir de forma repentina com uma duração curta, ou crônica, quando dura muito tempo ou ocorre com frequência.
A inflamação persistente causada por bactérias (endometrite crônica infecciosa) está presente em até 40% dos pacientes inférteis e em mais de 60% dos casos de abortos espontâneos recorrentes e repetidas falhas de implantação durante Fertilização in Vitro, quando a paciente precisa de ajuda médica para obter a gravidez. A identificação dessa condição através de exame que identifica as bactérias causadoras da inflamação, seguido de tratamento adequado e reposição da flora bacteriana do útero aumentam as chances de gravidez e nascimento de bebê saudável
Sintomas da endometrite
Existem vários sintomas que podem sugerir uma endometrite, porém são bastante genéricos, tais como: mal-estar, febre, dores pélvicas ou abdominais, abdômen distendido, hemorragia ou corrimento vaginal.
Além disso é importante destacar que quando a endometrite se torna crônica, normalmente é assintomática ou não apresenta sintomas claros.
Quando não tratada a endometrite pode causar aborto e infertilidade, além de provocar a alteração da flora bacteriana endometrial reduzindo a população de lactobacilos, que precisa estar em abundância para o sucesso da gravidez.
Sintomas da endometriose
O sintoma mais marcante da endometriose é a dor pélvica durante a menstruação em diferentes graus, normalmente a dor é intensa, porém também existem casos em que a endometriose não provoca dores. Outro sintoma comum da endometriose é a dor durante a relação sexual.
Os focos de endometriose podem gerar aderências que provocam a infertilidade. Por esta razão é recomendado às pacientes afetadas não adiar muito a gravidez.
Diagnóstico e tratamento dessas condições
O diagnóstico da endometrite crônica infecciosa pode ser realizado com o teste ALICE, histeroscopia, histologia ou cultura microbiana. Sendo que o diagnóstico molecular realizado pelo teste ALICE é a técnica mais moderna com capacidade de identificar as bactérias patogênicas que não crescem em cultura, o que permite que o tratamento antibiótico seja prescrito de acordo com a bactéria a ser combatida.
A detecção da endometriose pode ser realizada através de um ultrassom com preparo intestinal específico para detectar essa doença ou uma ressonância magnética, também específica, solicitada pelo ginecologista. O tratamento da endometriose pode variar de acordo com a intensidade do sintoma, da evolução dos focos de endometriose e dos órgãos acometidos.
Existe relação entre a endometriose e a endometrite?
Atualmente muitas linhas de pesquisa sugerem que alterações no microbioma podem ter um impacto no desenvolvimento da endometriose. Entre os estudos, a contaminação do ciclo menstrual da mulher com endometriose pela Escherichia coli foi reportada (Khan et al., 2010).
Além disso, raspados endometriais de mulheres com endometriose mostraram uma microbiota aberrante dominada por patógenos como Gardnerella, Enterococcus, Streptococcus, Staphylococcus e, em menor extensão, Actinomyces, Corynebacterium, Fusobacterium, Prevotella e Propionibacterium em contraste com uma microbiota Lactobacilo-dominante das mulheres do grupo de controle (Khan et al., 2014).
Concordando com os estudos anteriores, a comparação do RNA bacteriano 16S do fluído cístico de endometriomas com não endometriomas demonstrou uma proporção significativamente maior de estreptococos e estafilococos nos endometriomas (Khan et al., 2016).
A endometrite crônica também foi associada à endometriose em um estudo imuno-histoquímico comparativo que examinou amostras endometriais obtidas de histerectomia (Takebayashi et al., 2014).
Por último, a análise da microbiota do trato reprodutivo com sequenciamento de nova geração (NGS) mostrou que os modelos baseados na microbiota foram capazes de distinguir pacientes com e sem endometriose (Chen et al., 2017).
A Igenomix oferece o teste ALICE para detecção de bactérias relacionadas a endometrite crônica infecciosa. Entre em contato para receber informações sobre o teste.
Referências:
Chen C, Song X, Wei W, Zhong H, Dai J, Lan Z, Li F, et al. The microbiota continuum along the female reproductive tract and its relation to uterine-related diseases. Nat Commun. 2017:17;8(1):875.
Khan KN, Kitajima M, Hiraki K, et al. Escherichia coli contamination of menstrual blood and effect of bacterial endotoxin on endometriosis. Fertil Steril. 2010;94:2860‐2863.
Khan KN, Fujishita A, Kitajima M, Hiraki K, Nakashima M, Masuzaki H. Intra-uterine microbial colonization and occurrence of endometritis in women with endometriosis. Hum Reprod. 2014:29(11):2446-56.
Khan KN, Fujishita A, Masumoto H, Muto H, Kitajima M, Masuzaki H, Kitawaki J. Molecular detection of intrauterine microbial colonization in women with endometriosis. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2016:199:69-75.