Existe muita desinformação sobre o PGT-A e Mosaicismo gerada devido a coexistência de estudos a favor e contra o teste genético pré-implantacional para aneuploidias embrionárias. Para trazer luz ao assunto, a Sociedade Internacional de Pré-implantação Genética (PGDIS) emitiu um posicionamento criado a partir do consenso entre os principais investigadores desse tema no mundo, atualizando os comunicados anteriores de 2016 e 2019 emitidos pela entidade.
O fracasso da gravidez com embriões aneuploides é indiscutível e, da mesma forma, a necessidade de um conjunto cromossômico equilibrado para uma gravidez bem-sucedida também é indiscutível. Além disso, metade das perdas gestacionais de primeiro trimestre são resultado de alterações cromossômicas; algo que pode ser evitado com a ajuda do PGT-A.
No entanto, em ocasiões os casais enfrentam a situação de apenas disporem de embriões classificados como mosaico. Nessas situações é necessária uma análise individualizada para uma decisão informada do paciente.
O mosaicismo detectado em biópsias de trofectoderma (região do embrião que dará origem à placenta) pode ter implicações clínicas teóricas para o feto, placenta ou ambos, em qualquer gravidez, incluindo efeitos sobre a função placentária, síndromes de doenças nascidas vivas ou ambos, bem como pode gerar uma gravidez e bebê saudável.
Em ocasiões a taxa de mosaicismo embrionária foi superestimada por:
Qual é a segurança sobre Embriões Euploides e Aneuploides?
Estudos que comparam a taxa de gravidez em curso (semana 20) para mulheres acima de 35 anos identificam a superioridade do embrião euploide transferido ao útero materno após uma seleção com base nos resultados do PGT-A. Um exemplo é a meta-análise publicada no The Journal of Assisted Reproduction and Genetics, que afirma que o PGT-A melhorou as taxas de nascidos vivos quando realizado em embriões em estágio de blastocisto* de mulheres com mais de 35 anos de idade (embrião* que evoluiu adequadamente até o quinto dia de desenvolvimento). Em outro trabalho, publicado na Fertility and Sterility, ao analisar 402 pacientes submetidas a 484 transferências únicas de blastocistos congelados, a taxa de erro clínico no diagnóstico de aneuploides PGT-A foi de 0%. Atualmente a taxa de confiança do PGT-A está validada em 98% e pode ser inclusive superior na Igenomix graças a protocolos rigorosos, utilização de robôs e inteligência artificial.Incidência de embriões mosaico
O Sequenciamento de Nova Geração (NGS) permitiu aumentar o acesso dos pacientes ao PGT-A e trouxe maior sensibilidade ao teste. Por esta razão, o mosaicismo que antes não era detectado, passou a ser lido pela nova tecnologia, inicialmente gerando muitas dúvidas e a necessidade de mais investigações sobre sua viabilidade e riscos. No estágio de blastocisto, a incidência de mosaicismo relatado usando NGS é altamente variável entre as clínicas, variando de 2% a 40% (Munne et al., 2016; Fragouli et al., 2019; Rodrigo et al., 2020) Na Igenomix, a taxa média de mosaicismo é 5%.
- Variações na técnica de biópsia
- Manuseio e transporte de amostras deficientes
- Amplificação de DNA e construção de biblioteca sub-ótima
- Escolha de algoritmos usados para normalizar as caixas de mapeamento de cromossomos
Onde está o ponto de corte entre aneuploidia, euploidia e mosaicismo?
Desvios cromossômicos embrionários inferiores a 20% podem ser relatados como euploides, enquanto valores de desvios embrionários superiores a 80% podem ser relatados como aneuploides. Perfis com valores cromossômicos fora desses intervalos são considerados indicativos de mosaicismo potencial ou putativo. Alguns grupos usam valores de corte de euploides e aneuploides de 30%/70% (Garcia-Pascual et al., 2020) Diante de um resultado de mosaicismo embrionário com intenção de transferência, é importante que os pacientes tenham um total entendimento das probabilidades sucesso, limitações da técnica e riscos gestacionais. Baixe a ficha atualizada sobre mosaicismo embrionário.
Autocorreção embrionária é verdade ou mito?
Em primeiro lugar é importante frisar que o termo “autocorreção embrionária” é considerado apenas em casos de embriões mosaico, já que o que ocorre não é uma autocorreção, mas sim uma seleção positiva das células euploides, que se multiplicam mais rápido e morrem menos quando comparadas às células aneuploides. Portanto é impossível uma “autocorreção” de um embrião aneuploide, bem como a probabilidade desse ajuste biológico a favor das células saudáveis é raro em situações de mosaicismo de alto grau, quando há uma porcentagem maior de células alteradas.Como as clínicas podem reduzir o risco de falsos positivos de mosaicismo?
- Recomenda-se que apenas 5 a 10 células do trofectoderma sejam biopsiadas;
- Cuidados devem ser tomados em todos os momentos para garantir o mínimo efeito sobre o embrião
- Danos às células durante a biópsia, bem como lavagem ou carregamento do tubo devem ser minimizados para reduzir o viés de amplificação e melhorar a probabilidade de produzir um produto de DNA que reflita as células embrionárias originais.
- Se uma incidência consistentemente alta de mosaicismo for identificada em coortes de embriões em uma determinada clínica, deve-se considerar a investigação tanto da embriologia quanto da prática geral de PGT-A para auxiliar na identificação de possíveis problemas subjacentes