Falha de implantação é o nome dado para quando em um tratamento de reprodução assistida, o embrião transferido para o útero materno não evolui a uma gravidez. Mas quando se trata de falha de implantação de repetição a definição ainda divide opiniões sobre quantas falhas e que condições de transferência embrionária devem ser consideradas para este diagnóstico.
O artigo publicado na revista científica Fertility and Sterility de autoria de Baris Ata, M.D., M.Sc. Erkan Kalafat, M.D., M.Sc.,e Edgardo Somigliana, M.D., Ph.D estabeleceu um modelo matemático da probabilidade de implantação cumulativa com base nas taxas de euploidia de blastocisto publicadas em todas as categorias de idade feminina.
O objetivo foi definir o número de blastocistos necessários para atingir 95% de probabilidade de implantação cumulativa, considerando como fator prevalente para a falha de implantação, a aneuploidia cromossômica.
A falha de implantação varia com a idade da paciente
A relação da taxa de sucesso versus a idade materna é ingrata. O número de blastocistos necessários para atingir uma mesma probabilidade de 95% de implantação em mulheres acima dos 38 anos, por exemplo, é de mais de 10 blastocistos não testados geneticamente com o PGT-A!!
Por outro lado, quando são transferidos apenas embriões euploides, ou seja, cromossomicamente normais, 4 blastocistos são suficientes para atingir uma taxa de probabilidade cumulativa superior a 95%, independentemente da idade. A cada transferência de embrião euploide, a chance de implantação é de 55%. Vale lembrar que é irreal esperar que cada embrião transferido chegue ao nascimento, mesmo na ausência de qualquer outro fator que afete adversamente o processo, quase metade dos blastocistos são aneuplóides, mesmo em mulheres com menos de 35 anos de idade.
O grupo propõe que a definição de falha de implantação seja feita de forma preventiva, usando o modelo matemático, levando sempre em consideração a taxa de euploidia de acordo com a idade materna, estabelecendo limites, de acordo com cada centro, para a probabilidade cumulativa de implantação. Os autores ainda propõe que cada centro poderá usar esse cálculo para fazer suas próprias previsões de acordo com sua coorte de pacientes.
Resultados
Quando o status de euploidia de embriões transferidos é desconhecido (ou seja, não testado por PGT-A), a simulação realizada pelos pesquisadores mostra que nenhuma idade atinge 95% de probabilidade cumulativa de implantação com um total de três blastocistos transferidos (Fig. 1A a C).
Mulheres com menos de 35 anos alcançaram 95% de probabilidade cumulativa de implantação de pelo menos um blastocisto após a transferência de sete blastocistos.
O número de blastocistos necessário para atingir o mesmo limite é maior para pacientes mais velhas, como citado no início desse post, para mulheres com mais de 42, por exemplo, o número de blastocistos não testados, é tão grande que não pode ser mensurado neste gráfico. (Fig. 1).
Esses números mudam drasticamente quando assumimos que os embriões tem seu status cromossômico acessado, ou seja, aqueles testados por PGT-A. Se a taxa de implantação de um blastocisto euploide é considerado 55%, então 3 e 4 blastocistos são suficientes para atingir taxas de probabilidade cumulativas maiores de 90% e 95%, respectivamente (Fig. 2). Esses números são consistentes com os achados de Pirtea et al. (2), que sugeriu que três transferências de embriões euploides são suficientes para a maioria das mulheres atingirem uma taxa de implantação cumulativa de 95%.
Resumidamente, o estudo apresenta um modelo estatístico com base na taxas de euploidia em relação à idade materna, para calcular o número necessário de blastocistos transferidos para uma mulher alcançar uma probabilidade cumulativa predefinida de implantação, considerando que a aneuploidia embrionária é a única razão para falha de implantação.
O estudo conclui que a definição de falha de implantação não deve ser independente da idade feminina e previsões de taxas de euploidia, uma vez que a aneuploidia embrionária é a causa mais comum de falha de implantação, afirmando, mais uma vez, a importância do PGT-A na jornada de muitos casais para um bebê saudável em casa.
Bruno Coprerski é gerente de laboratório
Referências
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