O câncer é uma doença cujo comportamento, mais ou menos agressivo, depende de diferentes fatores como localização, tamanho, aspectos genéticos e fase em que é diagnosticado. Falando especificamente sobre o câncer de próstata, na maioria dos casos a doença costuma ser indolente, com crescimento lento. Em teoria, isso amplia a janela de oportunidade para o diagnóstico precoce.
Na prática, embora campanhas de conscientização, como o Novembro Azul, tenham ampliado o diagnóstico precoce, cerca de 20% dos casos de câncer de próstata ainda são diagnosticados em estágios avançados.
A maioria dos tumores prostáticos não está associada a uma predisposição hereditária, mas os cânceres de próstata mais agressivos têm maior probabilidade de ter evoluído por conta de uma alteração genética que foi herdada ao nascimento. Estima-se que pelo menos 10% de todos os casos de câncer de próstata sejam causados por mutações germinativas, em especial no BRCA2, gene que, quando alterado, também está associado com risco hereditário de câncer de pâncreas e de mama masculino.
Este risco familiar de câncer de próstata é observado quando há um parente próximo, como o pai ou irmão, que teve câncer de próstata. Mutações germinativas em outros genes, como BRCA1, HOXB13 e ATM podem ser transmitidas da mesma forma e, quando descobertas por meio de um teste genético, apontam que a pessoa tem um risco maior de desenvolver câncer de próstata em algum momento de sua vida.
Mutações germinativas relacionadas com a síndrome de Lynch, mais comumente associada com câncer colorretal hereditário, também aumentam o risco para outros tipos de câncer, inclusive de próstata. Por estas características, a recomendação é de orientar os pacientes e profissionais de saúde para uma testagem multigênica para mutações hereditárias, pois aproximadamente 30% dos homens com esse tipo de tumor preenchem os critérios.
Ao receber o diagnóstico, deve-se considerar a testagem do antígeno PSA, por exemplo, em pacientes menores de 40 anos e com histórico familiar de mutações de genes relacionados ao câncer de próstata. O cuidado personalizado pode ser ampliado para determinadas etnias e nacionalidades. Homens afro-americanos, por exemplo, correm maior risco do que homens caucasianos. Os homens afro-americanos também são mais propensos a ter um estágio avançado da doença quando são diagnosticados. Outro alerta importante é a presença de sintomas como vontade frequente de urinar ou ejaculação dolorosa.
A investigação clínica auxilia na resposta do tratamento indicado, além da análise da progressão da doença e prognóstico clínico do paciente. O resultado do teste pode direcionar a uma terapia com terapias-alvo, como os inibidores de PARP. Recentemente, essa medicação foi aprovada para pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração e com mutações (inclusive germinativas) em 15 genes envolvidos com o reparo do DNA. Ao identificar, também, a presença de mutações no gene TP53, ligado a uma outra síndrome chamada de Li-Fraumeni, o tratamento com radioterapia pode ser evitado, já que poderia levar ao desenvolvimento de uma neoplasia secundária.
Cada vez mais os avanços na medicina genômica de precisão vão auxiliar na prevenção, detecção precoce da doença e tratamentos mais efetivos, permitindo um entendimento adequado para o melhor desfecho clínico. A escolha do melhor tratamento é mais eficaz quando individualizada e definida por médico e paciente.
Tratamentos possíveis
O protocolo para tratamento do paciente com diagnóstico de câncer de próstata varia caso a caso, porém, em linhas gerais, as abordagens mais comuns, seguindo critérios como a localização e grau de agressividade da doença, são:
- Doença localizada – Quando o tumor atinge próstata sem se espalhar para outros órgãos, indica-se cirurgia, radioterapia e até mesmo observação periódica e constante (protocolo de vigilância ativa).
- Doença localmente avançada – Radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal.
- Doença metastática – quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo indica-se, principalmente, a terapia hormonal. A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.
Saiba mais sobre painel genético de avaliação de risco de câncer de próstata hereditário