O segundo dia da ASRM 2019 foi especial, pois o Congresso da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva abriu espaço para que a perspectiva da paciente seja apresentada em primeira pessoa. Além disso, vou compartilhar com vocês outros temas inovadores que acompanhei como a inteligência artificial, edição genética e os resultados do estudo do teste ERA para pacientes de primeiro ciclo de FIV.
A Inteligência Artificial (AI) é o presente. Esta parceria entre ser humano e máquina já está estabelecida e sua expansão vai evoluir a níveis fantásticos. Como apresentado na aula de Ginni Rometty, muitas áreas da reprodução humana e saúde criaram protocolos para o machine learning (aprendizado de máquina), que processa uma quantidade de informação massiva para interpretar resultados e fazer previsões.
Como a maioria de vocês sabem, na Igenomix temos utilizado este recurso em nossos testes genéticos para dar ainda mais segurança à interpretação de laudos, que são validados por nossos especialistas para aumentar a segurança e evitar a subjetividade humana.
A inteligência artificial hoje, além de aplicada nos testes genéticos, também está ajudando no processo de seleção de doadoras de óvulos e construindo aplicativos preditores da fertilidade. No futuro, a contribuição da AI vai alcançar todas as fases do processo reprodução humana, como a seleção de espermatozoides e personalização de protocolos com base no ultrassom da avaliação ovariana, além de monitorar equipamentos e antecipar não conformidades.
Edição genética
Com o avanço das possibilidades do uso da edição genética, o debate público sobre as questões éticas é um desafio que precisa estar na pauta de toda a população.
Como ter o máximo de conhecimento sobre as possíveis consequências de alterar um gene antes de fazê-lo? Como saber se o sucesso alcançado a nível laboratorial é replicável ao ser humano? Como saber se esta ação pode ter uma consequência apenas a longo prazo?
A pesquisa científica para a edição genética, assim como atua em todas as áreas possui um fluxo, que é adotado para todos os tratamentos através de etapas em laboratório, antes de ensaios clínicos controlados, até alcançar a disponibilização pública. Um processo que supõe riscos que devem ser tomados de forma consciente e controlados.
Dra Sigal Klipstein em sua aula apresenta como deve ser este caminho:
A experiência de uma paciente de congelamento de óvulos até o nascimento do seu bebê
Os congressos médicos estão evoluindo e fiquei feliz de ver como as portas e mentes se abriram para incluir a perspectiva do paciente à programação científica. Brigitte Adams é fundadora da Eggsurance, um portal de informações sobre o congelamento de óvulos, sua aula abordou em vários aspectos as diferenças entre as mulheres que procuram os centros de reprodução assistida em busca de obter ajuda para engravidar ou para preservar a fertilidade.
Sem dúvida foram alcançados os objetivos da palestra:
- Diferenciação entre as pacientes de Fertilização in Vitro e Criopreservação de óvulos.
- Descrição de motivos pelos quais uma mulher procura uma clínica para o congelamento de óvulos
- Esclarecimento sobre a informação que precisa ser entendida pela paciente antes da preservação da fertilidade.
85% das mulheres que preservam óvulos não possuem parceiros, realizam este procedimento em média com 36,3 anos e em 72% dos casos, possuem uma pós-graduação.
O congelamento de óvulos vai muito além do procedimento em si, é fundamental ser complementado com conhecimento sobre as probabilidades reais de sucesso e passos para o seu uso futuro. Neste processo, ela citou ter sentido falta de receber informação completa sobre o caminho e possibilidades que enfrentaria em seu caminho.
Ao viver a experiência, Brigitte descreveu os sentimentos de cada etapa. Algo que precisa ser entendido em detalhes e com empatia por nós especialistas, pois a reprodução assistida, vai muito além de uma intervenção médica.
Neste sentido, fiquei feliz de ver que na Igenomix estamos no caminho certo, não apenas com a disponibilização de aconselhamento genético e conteúdo informativo, mas também com apoio de ações como o novo podcast “´Nós tentantes, projeto de vida”, que será lançado amanhã, dia 17/10, protagonizado por Karina Steiger (ex-tentante de tratamento de ovodoação) para compartilhar experiência de tentantes, trazer histórias, informações e acolhimento para jornada rumo à realização do sonho de ter filhos.
Trabalhar pela transparência de processos é o que todos queremos, sendo esta a única forma de tomar decisões verdadeiramente conscientes. Algo fundamental para manter as expectativas dentro da realidade, alimentado por uma relação positiva dentro desta jornada onde não pode faltar determinação e esperança.
Resultados do teste de receptividade endometrial para todas as pacientes
Sabemos que cerca de um terço das pacientes com repetidas falhas de implantação possuem uma janela de implantação fora do padrão, o que significa que um protocolo convencional de transferência embrionária não resultará em gravidez para cerca de 30% dos casos. Com esta evidência, a indicação do teste ERA esteve centrada em pacientes que já haviam passado sem sucesso por um tratamento de FIV.
No entanto, em muitos casos esta espera entre ciclos ocasiona uma perda de um tempo precioso, como por exemplo em situações onde a paciente possui uma reserva ovariana já reduzida e as chances de conseguir óvulos de qualidade baixas. Sem contar a frustração da paciente em descobrir a posteriori que um teste poderia ter evitado a falha ocorrida.
Para avaliar os benefícios de introduzir o teste ERA a partir do primeiro ciclo de Fertilização in vitro foram realizados dois estudos: Um multicêntrico e um randomizado. O resultado foi um aumento de 13% a taxa de bebês nascidos. Uma porcentagem importante considerando que uma Fertilização in Vitro convencional em geral oferece apenas 30% de probabilidade de nascimento.
Larissa Antunes, Assessora científica Igenomix Brasil.