-
Estudo multicêntrico e internacional foi realizado em 342 pacientes inférteis de 13 clínicas de reprodução assistida
-
Pacientes com microbioma endometrial dominado por Lactobacillus alcançaram uma gravidez
-
Pacientes com patógenos, como Gardnerella, não obtiveram sucesso em uma gestação
Pesquisa conclui que o microbioma uterino é um biomarcador que pode prever o sucesso reprodutivo em pacientes de reprodução assistida antes da transferência dos embriões. A pesquisa foi publicada recentemente na revista científica internacional Microbiome.
Estudos anteriores liderados pela Dra. Inmaculada Moreno, diretora da área de microbioma da Igenomix e primeira autora desta pesquisa, já contribuíram em 2016 para a comunidade científica com o conhecimento sobre o microbioma endometrial das mulheres, dando um passo adiante na melhoria dos tratamentos de reprodução assistida. Além do diagnóstico de doenças que produzem infertilidade, como a endometrite crônica derivada de uma infecção patogênica, sua pesquisa permitiu listar os tipos de bactérias que habitam o endométrio e quais delas eram benéficas para alcançar a gravidez.
“Desde o início de nossa pesquisa sobre o papel das bactérias no sistema reprodutivo feminino, observamos piores desfechos reprodutivos em pacientes inférteis com microbioma alterado, então o objetivo neste estudo foi determinar se a composição desse microbioma antes da transferência de embriões nos tratamentos de Fertilização in Vitro está associada aos desfechos reprodutivos dos nascidos vivos, gravidez bioquímica, aborto clínico ou ausência de gravidez”, explica doutora Inmaculada.
O estudo observacional prospectivo e multicêntrico foi realizado em um total de 342 pacientes inférteis de 13 clínicas na Europa, América e Ásia. Por meio de sequenciamento de nova geração, foram analisadas as amostras endometriais das pacientes e observou-se que as pacientes que apresentaram um perfil alterado de microbioma endometrial composto de Atopobium, Bifidobacterium, Chryseobacterium, Gardnerella, Haemophilus, Klebsiella, Neisseria, Estafilococos e Estreptococos obtiveram falhas nos resultados. Pelo contrário, aqueles que apresentaram um microbioma composto de Lactobacillus, conseguiram dar à luz a um recém-nascido.
“Nossos achados indicam que a composição do microbioma endometrial antes da transferência de embriões é um biomarcador útil para prever o resultado reprodutivo, oferecendo a oportunidade de melhorar ainda mais as estratégias de diagnóstico e tratamento”, conclui a pesquisadora.
Marcia Riboldi é geneticista e CEO da Igenomix Brasil e Argentina