No segundo dia da ESHRE2018, vou dar um foco mais teórico sobre os diferentes estudos, já que a busca do conhecimento precisa anteceder o desenvolvimento de soluções clínicas e, neste campo, tem muita coisa sendo feita!
Para começar, a apresentação da Dra Magdalena Zernicka-Goetz foi incrível. Ela apresentou um trabalho onde conseguiu que células-tronco se transformassem em embriões, utilizando modelos de camundongo. Este estudo vai ajudar a entender o processo da implantação embrionária para tentar descobrir os problemas desse processo ainda enigmático, conhecendo suas funções em relação ao endométrio e diante de algumas patologias, por exemplo.
Mecanismo base dos efeitos do envelhecimento
O impacto do envelhecimento na capacidade reprodutiva é algo já assumido no caso da mulher a partir dos 35 anos, mas também cada dia presenciamos mais estudos evidenciando que também existe um efeito do envelhecimento do homem na sua fertilidade. Esses efeitos, no caso masculino, são associados a um incremento de alterações genéticas devido principalmente, mas não apenas, ao estresse oxidativo. Dr John Aitken apresentou um mecanismo que identificou em experimentos com camundongos.
Endometriose e a “Big Data”, esperança ou ilusão?
A endometriose foi um tema presente em várias aulas, entre elas a “Big data sobre endometriose”, onde foi discutido o potencial e os desafios das possibilidades que a tecnologia atual nos proporciona tanto para entender e diagnosticar esta doença de forma precoce, quanto para avançar nos tratamentos. A sessão comandada pelo Dr Pedro Barri e Dra Krina Zondervan teve a participação dos doutores David Hunter e Stacey Missmer, que enfatizaram a necessidade de que toda essa informação disponível no Big Data seja meticulosamente analisada antes de conclusões e tomadas de decisões.
Desenvolvimento embrionário
A tecnologia de time-lapse permite a observação do embrião sem a necessidade de incomodá-lo em seu ambiente de cultivo, o que traz grandes benefícios, mas além disso, permite ampliar o tempo de observação do embrião para entender seu desenvolvimento.
Através de incubadoras time-lapse foi possível realizar o estudo retrospectivo que identificou uma relação entre anormalidades nas primeiras clivagens e falhas de implantação. O que pode chegar a ser mais um critério para a seleção embrionária.
Também com time-lapse, o Dr Yang realizou um estudo piloto sobre as possíveis diferenças entre a utilização de um único meio e meios sequenciais, que como resultado, não identificou mudanças significativas.
A epigenética e seu impacto nas tecnologias de reprodução humana também foi discutida em uma mesa coordenada pelo Dr Antonio Capalbo junto com o Dr Nuno Costa-Borges, onde foram apresentados diversos trabalhos sobre a epigenética e a reprodução humana com o objetivo de identificar o eventual impacto do tratamento e influências que o mesmo pode exercer na expressão genética dos nascidos com ajuda dessas técnicas.
Integração do ERA + PGT-A nos tratamentos de reprodução humana
A aula apresentada por Dr Findikli, analisou a incorporação do teste de receptividade endometrial em conjunto com o teste genético pré-implantacional como estratégia de tratamento para pacientes com repetidas falhas de implantação. O grupo de estudo da Istanbul University Cerrahpasa Faculty of Medicine, Obstetrics and Gyneocology identificou uma diferença significativa entre os grupos que contaram com os dois testes para a prevenção de falhas de implantação.
As taxas identificadas de gravidez química, gravidez clínica, implantação e aborto foram respectivamente no Grupo I 47.4%, 43.2%, 31.8% e 20.3%, enquanto o grupo II apresentou números muito mais positivos 75.9%, 70.4%, 65.8% e 16.4%, além de comprovar, assim como os estudos de Igenomix constatam, que cerca de 30% das pacientes possuíam sua janela de implantação fora do padrão.
Na ESHRE se aprende dentro e fora das aulas
Além de uma programação científica extraordinária, a ESHRE respira atualização cientifica no seu ambiente. Por isso, hoje dediquei tempo para rever e trocar experiência com colegas e parceiros do Brasil e de todo o mundo. Algo que multiplica o conhecimento que cada um de nós, profissionais desse setor, carrega em sua trajetória.
Este ano, os que fizeram uma visita ao nosso stand aqui em Barcelona, perceberam que a presença da Igenomix Brasil também cresceu com participação da Erika Criscuolo, que assim como eu e a Juliana Cuzzi, estávamos sempre por perto para dar a bem-vinda aos nossos parceiros do Brasil!