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O DNA que o embrião libera no meio de cultivo no tratamento de Fertilização in Vitro contém uma representação completa do seu conteúdo cromossômico
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O diagnóstico não invasivo do embrião, conhecido como PGS (Screening genético pré-implantacional), permitirá evitar a biópsia embrionária, com as mesmas vantagens dos resultados clínicos que oferece o diagnóstico clássico invasivo
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A redução do custo da nova técnica permitirá ampliar o acesso ao estudo dos embriões das famílias que realizam tratamentos de fertilidade
Igenomix apresentou no 34º Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e embriologia (ESHRE), que acontece em Barcelona esta semana, o estudo titulado “Improved concordance rates for aneuploidy detection in spent culture media compared to trophectoderm biopsies: a step forward towards non-invasive preimplantation genetic testing”, em que a eficácia do diagnóstico não invasivo do embrião humano é comprovada.
Com os resultados da pesquisa, são abertas as portas para um novo tipo de análise com o objetivo de melhorar os resultados positivos dos tratamentos de reprodução assistida.
Desde o início do estudo cromossômico do embrião, esta análise tem sido realizada a partir de uma biópsia do embrião, que como resultado apresenta se o mesmo possui alterações cromossômicas que podem inviabilizar o sucesso da gravidez. Graças ao PGS (atualmente chamado de PGT-A) tem sido possível reduzir as taxas de aborto e conseguir o nascimento de um bebê saudável em menos ciclos de Fertilização in Vitro (FIV).
Durante os últimos anos, os cientistas têm trabalhado para avançar na análise do embrião através de uma técnica não invasiva, onde fosse possível ter acesso ao DNA do embrião sem a necessidade de realizar uma biópsia embrionária, o que reduz a manipulação e os custos adicionais desse processo invasivo.
A partir da publicação da Igenomix na revista científica Human Reproduction do estudo titulado “Origin and composition of cell-free DNA in spent médium from human embryo culture during preimplantation development”, foi demonstrado que o DNA liberado pelo embrião no meio de cultivo durante seu desenvolvimento contém uma representação cromossômica do embrião.
A continuidade da pesquisa com o objetivo de melhorar os resultados obtidos no primeiro estudo, explorou a possibilidade de sua aplicação clínica através do diagnóstico cromossômico não invasivo do embrião.
“No estágio atual do nosso estudo, foram analisadas mais de 100 amostras em meios de cultivo correspondentes a pacientes com idade materna avançada, abortos de repetição e repetidas falhas de implantação. Observamos cerca de 85% de concordância em comparação ao PGS tradicional, o que significa que estamos muito próximos de um marco na história da reprodução assistida, onde já não será preciso realizar uma biópsia no embrião para obter informação sobre sua saúde genética”. explica Dra. Carmen Rubio, autora principal da pesquisa.
Mais um passo para uma medicina personalizada.
O próximo passo, segundo a pesquisadora é continuar pesquisando esta linha até comprovar 100% de eficácia do PGS não invasivo. Um diagnóstico a partir do meio de cultivo embrionário, onde o embrião se desenvolve no laboratório de Fertilização in Vitro, pode simplificar e tornar mais acessível a análise genética para um número maior de pacientes.
O diagnóstico não invasivo do embrião proporciona, segundo especialistas, um aumento de 10% das taxas de sucesso dos tratamentos de fertilidade por identificar as aneuploidias (alterações cromossômicas) responsáveis por uma grande parte dos resultados negativos dos tratamentos e até 50% dos casos de aborto espontâneo. “Evitar abortos e conseguir a gravidez em menos ciclos de tratamento de FIV é algo muito significativo para os pacientes, que normalmente vivem uma longa jornada desde o diagnóstico de infertilidade até realizar o sonho de ter um bebê saudável em casa”, afirma Dra Marcia Riboldi, especialista em genética responsável pelo laboratório Igenomix no Brasil.