Pesquisa realizada em hospital público de Milão também analisou efeitos do procedimento de biópsia na saúde do bebê
Foi publicada no Journal of Assisted Reproduction and Genetics mais uma publicação científica sobre a eficácia clínica do PGT-A para pacientes em idade materna avançada (AMA). Desta vez, a pesquisa que acompanhou por dois anos 2538 casais foi desenvolvida pelo hospital público Humanitas Clinical and Research Institute, em Milão, com a participação de especialistas da Igenomix.
Os casais que realizaram o tratamento de Fertilização in Vitro (FIV) com o PGT-A obtiveram em comparação com pacientes que realizaram FIV sem o estudo genético:
- Aumento significativo na taxa de nascimento de bebês, que passou de 11% para 40,3% com o PGT-A.
- Redução de gravidez múltipla de 11,1% a 0%.
- Diminuição da incidência de aborto de 22,6% a 3,6%.
Mais uma vez, ao usar protocolos e procedimentos padronizados, há evidências definitivas de que o PGT-A funciona incrivelmente bem para pacientes com mais de 38 anos.
Taxa cumulativa de nascimento não muda com ou sem PGT-A
A taxa cumulativa de nascimento diz respeito ao resultado de gravidez por total de óvulos coletados em um ciclo de estimulação ovariana. Por exemplo, se consideramos que um casal gerou uma quantidade de 10 óvulos que originaram 4 embriões, o resultado de gravidez após a utilização de todo o estoque de embriões deve ser o mesmo com ou sem o PGT-A.
A vantagem da utilização do PGT-A é que ao identificar os embriões cromossomicamente normais e priorizar sua transferência o tempo para conseguir a gestação reduz, já que a chance de sucesso da FIV em menos ciclos é superior por evitar as falhas de implantação e abortos provocados por alterações cromossômicas.
Constatar que a taxa cumulativa de nascimento é igual com e sem o PGT-A é importante porque demonstra que não existe desperdício de embriões viáveis devido à biópsia. Este risco é controlado pelo laboratório de embriologia que deve possuir protocolos rigorosos e pessoal qualificado.
Estudo das perdas gestacionais
Nos casos de abortos espontâneos ocorridos nas gestações obtidas após FIV sem PGT-A, o estudo citogenético do material de aborto (POC) apresentou uma alta taxa de alterações cromossômicas, independente do protocolo de transferência ser no dia 3 ou 5 do desenvolvimento embrionário. As taxas de perdas gestacionais foram respectivamente 19,9% e 17,9%.
Conforme análise de dados e projeção, a redução de risco de aborto com a realização do PGT-A é de 80%.
Biópsia do embrião não aumenta o risco de parto prematuro
Acompanhar as gestações até o nascimento do bebê permitiu comprovar que os dados de prematuridade e saúde do bebê foram semelhantes entre tratamentos com ou sem o PGT-A. O grupo que apresentou números mais elevados de baixo peso estavam ligados a gestações múltiplas, o que reforça a importância de realizar a transferência de um único embrião (SET).
Casos de desistência do PGT-A apresentaram pior resultado
Durante o estudo, as pacientes que haviam optado em realizar o PGT-A (370) que apresentavam menos de 5 óvulos fertilizados recebiam um novo aconselhamento para alertar sobre as baixas probabilidades de sucesso de seu ciclo. Este esclarecimento, além de ser fundamental para o controle de expectativas, também dá a oportunidade de confirmar a decisão de realizar o PGT-A.
No entanto, os pacientes que decidiram abandonar a realização da biópsia embrionária devido a poucos óvulos fertilizados, foram os casos de pior desempenho em termos de aborto espontâneo e falha de implantação, o que significa que a retirada do PGT-A prejudicou os resultados desse grupo, que devido à idade materna avançada possui um alto risco de aneuploidias embrionárias.
Fluxo da pesquisa:
Debate que dura 2 décadas
A aplicação do teste genético pré-implantacional para aneuploidias embrionárias (PGT-A) está em debate há 2 décadas. Apesar das amplas comprovações científicas e evidências clínicas de elevação de resultados de gravidez e nascimento nas clínicas de reprodução assistida, continuar as pesquisas que constatam a segurança da técnica é um compromisso assumido por todos especialistas.
O resultado da publicação científica demonstrou que o PGT-A oferece uma importante melhora de resultados nos tratamentos de Fertilização In Vitro sem comprometer a taxa cumulativa de nascimentos. Esta segurança, assim como os resultados positivos do uso dessa tecnologia estão diretamente ligados à qualidade dos protocolos da clínica de reprodução assistida e do laboratório de genética.
Marcia Riboldi, PhD – Geneticista e Diretora da Igenomix Brasil
Referência:
Sacchi, L., Albani, E., Cesana, A. et al. J Assist Reprod Genet (2019).
https://doi.org/10.1007/s10815-019-01609-4