A testagem para o COVID-19 é um dos pilares propostos pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Diante de condições limitadas para testar toda a população, a OMS inclusive indica a priorização de testagem de todo pessoal de centros de saúde, independente do posto de trabalho que ocupe. No entanto, muitas notícias sobre os diferentes testes existentes e a baixa confiança de alguns, gera dúvidas sobre a melhor opção para cada situação.
Para esclarecer, confira as opções de testes para coronavírus existentes no Brasil, seus benefícios e limitações.
Testes disponíveis para detectar a resposta imunológica frente ao COVID-19
Os imunoensaios disponíveis frente ao novo coronavírus podem detectar a presença das imunoglobulinas IgM, IgA e IgG:
Imunoglobulina | O que é? |
Imunoglobulina A – IgA | Protege contra infecções das membranas mucosas que revestem a boca, vias aéreas e trato digestivo. Também encontrada na saliva, lágrimas e leite materno. |
Imunoglobulina M – IgM | Elimina patógenos nos estágios iniciais da imunidade mediada por células B antes que haja IgG suficiente. O primeiro a ser produzido pelo organismo para combater uma nova infecção. |
Imunoglobulina G – IgG | Principal tipo de anticorpo encontrado no sangue que pode entrar nos tecidos e combater infecções. O único anticorpo capaz de atravessar a placenta para dar imunidade passiva ao feto. |
Atualmente existem alguns testes que detectam antígenos do SARS-Cov2, porém a grande maioria dos ensaios aprovados no Brasil focam na testagem de imunoglobulinas.
Teste rápido – POCT (point of care testing)
- Definição do Ministério da Saúde: capaz de liberar o resultado em no máximo 30 minutos
- Metodologia relativamente simples, uma vez que eles utilizam antígenos virais ou anticorpos que são fixados em um suporte sólido
- Como exemplos de métodos de testes rápidos, podemos citar a imunocromatografia e imunofluorescência
- Maioria detecta presença de anticorpos (IgM e IgG)
- Amostra de sangue, soro ou plasma
- Resultados em 15-30 minutos
- Necessária validação de resultados com outros métodos
- Mais da metade dos testes aprovados pela ANVISA são rápidos
Resultados
Os testes rápidos se assemelham aos testes de gravidez por seu formato cassete e da apresentação de resultados positivos como uma linha, conforme exemplo abaixo, onde o controle é identificado com a letra C.
Como desvantagem, o teste rápido não é quantitativo, portanto, não proporciona informação sobre a concentração de imunoglobulinas encontradas.
- Negativo: não podemos afirmar que não esteja infectado
- IgM+: fase aguda, pode transmitir
- IgG+: fase crônica, já foi exposto
- IgM+/ IgG+: contato recente, início da memória imunológica
ELISA – Ensaio de imunossorvente ligado a enzima
A técnica ELISA é amplamente utilizada para a detecção e quantificação de antígenos e anticorpos. No caso do teste ELISA para o COVID-19, a detecção é de anticorpos IgA/IgM e IgG.
- Maioria detecta presença de anticorpos (IgA,IgM e IgG)
- Amostra de soro ou plasma
- Diversas marcas no mercado
- Necessária validação por outros métodos
Quimioluminescência
- São baseados na emissão de luz produzida em algumas reações químicas, aqui incluídos agentes quimioluminescentes
- Utilizada em laboratório clínico principalmente para dosagem de hormônios
- Maioria detecta presença de anticorpos (IgM e IgG)
- Amostra de soro ou plasma
RT-qPCR
As técnicas RT-PCR e RT-qPCR (real time PCR), consideradas o padrão ouro para a detecção do novo coronavírus tem um maior poder de diagnóstico com capacidade detectar a carga viral mesmo em quantidades mais baixas de patógenos.
Diferente da PCR convencional, a RT-qPCR é automatizada e por isso, mais segura para a equipe que realiza a análise, bem como reduz os riscos de contaminação por minimizar a manipulação humana da amostra.
- Técnica considerada padrão outro pela OMS (Organização Mundial da Saúde)
- Detecta a presença do vírus no organismo inclusive em estágios iniciais com carga viral baixa
- Alta sensibilidade e especificidade
Resumo de resultados de testes para o novo coronavírus
PCR | IgM | IgG | Interpretação |
– | – | – | Negativo |
+ | – | – | Em janela de infecção |
+ | + | – | Inicio da infecção |
+ | – | + | Fase final |
– | + | – | Fase inicial, falso negativo na PCR |
– | – | + | Infecção passada |
– | + | + | Início da fase final ou reinfecção |
Resumo comparativo de testes para COVID-19
TESTE | VANTAGENS | LIMITAÇÕES | RESULTADOS |
Teste Rápido | – Detecta se pessoa desenvolveu anticorpos para combater o vírus
– Fácil de utilizar – Fácil de armazenar – Baixo custo
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– Pouca informação sobre a performance clínica para COVID-19
– Resultados positivos devem ser confirmados – Possibilidade de resultado falso negativo |
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ELISA | – Detecta se pessoa desenvolveu anticorpos para combater o vírus
– Permite detectar pequenas quantidades de anticorpos – Proporciona resultados qualitativos e quantitativos |
– Resultados positivos devem ser confirmados.
– Possibilidade de resultado falso negativo |
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QUIMIOLUMINESCÊNCIA | – Detecta se pessoa desenvolveu anticorpos para combater o vírus
-Permite a análise de muitas amostras de uma única vez
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– Resultados positivos devem ser confirmados.
– Possibilidade de resultado falso negativo |
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PCR | – Padrão ouro
– Detecta o vírus |
– Mais suscetível a ter resultados comprometidos por erros de coleta e tempo/condições transporte
– Pode ocorrer a replicação de fragmentos não específicos, onde é necessária confirmação posterior |
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Teste combinado
Para unir as vantagens e reduzir as limitações dos testes isolados, a realização combinada de testes para a detecção do RNA do vírus e os anticorpos, conhecido como “Passaporte Biológico” tem sido uma estratégia efetiva para uma interpretação de resultados.
A aplicação dessa estratégia tem revelado resultados importantes tais como a presença de IgG positiva e presença do vírus, o que pode significar uma possível reinfecção ou persistência do vírus conforme recentemente apresentado no webinar científico sobre updates em reprodução humana e COVID-19, apresentado pelo Dr Carlos Simón.
Susana Joya, Assessora científica Igenomix Brasil.