A presença do cromossomo marcador muitas vezes é identificada no exame cariótipo bandas G durante o estudo da fertilidade do casal . Este achado gera muitas dúvidas sobre o seu significado e implicação.
O cromossomo marcador aparece com frequência aumentada no grupo de pacientes inférteis em relação à população geral, podendo ser a causa de abortos. Em pacientes inférteis a incidência de cromossomos marcadores em cariótipos masculinos é de 7,5 para 1 cariótipo feminino.
Outro ponto é que essa alteração genética pode estar relacionada a sinais e sintomas. Os fenótipos associados a um cromossomo marcador são muito variados, sendo os mais comuns deficiência intelectual e malformações.
O que é um cromossomo marcador?
Um cromossomo é considerado marcador quando sua origem não é identificada no teste de cariótipo, tem um centrômero e é geralmente igual em tamanho ou menor do que um cromossomo 20. O centrômero é parte do cromossomo com forma de disco de proteína com a função de prender os filamentos cromossômicos às fibras de fuso durante o processo de divisão celular:
Como interpretar um resultado de um cariótipo com cromossomo marcador?
A interpretação do resultado vai depender do quadro clínico do paciente e deve ser realizada por profissionais especializados/habilitados. Mas para um melhor entendimento, vamos colocar dois exemplos:
Se um dos pais possui um cromossomo marcador e é fenotipicamente normal, pode-se assumir que não existe um risco aumentado para o paciente e os descendentes. No entanto, quando a origem do sSMC não pode ser determinada, avaliar o impacto para a saúde do afetado e descendentes é mais difícil, algo que ocorre em casos esporádicos ou que aparecem em mosaico (quando apenas parte do conjunto de células do corpo são alteradas).
Já um cromossomo marcador em um paciente com sinais/sintomas pode explicar o quadro clínico. O fenótipo pode variar de acordo com o cromossomo envolvido, por exemplo, caso afete o cromossomo 15, que é uma origem frequente, levando a atraso mental e problemas neurológicos em geral.
São necessários testes adicionais como CGH array, por exemplo, para caracterizar melhor a origem do cromossomo marcador. A necessidade de exames complementares dependerá do quadro clínico do paciente e deve ser avaliado por um médico.
Origem dos cromossomos marcadores
Acredita-se que cerca de 90% dos sSMCs sejam derivados dos braços curtos e regiões pericentroméricas dos cromossomos acrocêntricos, que são caracterizados por terem o centrômero localizado próximo a uma das extremidades do cromossomo, mas não totalmente nela.
Cerca de metade de todos os sSMCs são originários do cromossomo 15. Eles parecem ser inertes, mas os maiores dão origem à “síndrome idic(15)”, caracterizada por retardo mental e características do espectro autista.
Posso ter filhos se tenho um cromossomo marcador?
Atualmente não há testes genéticos capazes de detectar a presença de cromossomos marcadores no embrião. No entanto, pelo aumento de risco de alterações cromossômicas, o teste PGT-A poderia ajudar a identificar os embriões com maior potencial de gerar uma gravidez saudável.
Cromossomo marcador e diagnóstico pré-natal:
A frequência populacional da presença de cromossomos marcadores está em torno a 2/10.000 nascidos (0,02%). Eles são geralmente identificados por meio do cariótipo bandas G, que ainda é a etapa básica no diagnóstico pré-natal. A cariotipagem também revela os casos de mosaico e técnicas de citogenética molecular devem ser aplicadas para identificar a sua origem.
Larissa Antunes, Assessora científica Igenomix Brasil.
Referências Bibliográficas
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Newberg, MT; Francisco, RG; Pang, M-G; et al. – Cytogenetics of somatic cells and sperm from a 46,XY/45,X mosaic male with moderate oligoasthenoteratozoospermia. Fertil.Steril, 69(1):146-148,1998.