Recentemente a publicação de especialistas da Igenomix na revista científica Nature identificou a assinatura transcriptômica do ciclo menstrual a nível de célula única em condições fisiológicas naturais.
O trabalho realizado em colaboração com pesquisadores da Universidade de Stanford durante 6 anos, analisou endométrios de 29 mulheres férteis doadoras de óvulos. 71.032 células foram sequenciadas geneticamente para o estudo.
Os resultados da pesquisa representam um marco na ginecologia, pois foi identificado por primeira vez um tipo celular até então desconhecido (ciliated epithelia), além de confirmar com maior precisão o que já havia sido detectado em estudos prévios em relação à receptividade endometrial. Os principais achados foram:
- Distinção dos 6 tipos celulares presentes no endométrio humano.
- Descrição da dinâmica dos tipos celulares que caracterizam o ciclo menstrual em 4 fases em termos de semelhança da expressão genética.
Fase 1 – menstruação e fase regenerativa inicial
Fase 2 – fase proliferativa
Fase 3 – fase secretora (lútea) precoce (antes da receptividade endometrial)
Fase 4 – fase secretora (lútea) tardia (após a receptividade endometrial)
- Existência de um diálogo entre as células imunes e os fibroblastos do estroma.
- Descobrimos que a janela de implantação humana se abre com uma ativação transcriptômica brusca e descontínua no epitélio, acompanhada por uma decidualização disseminada nos fibroblastos do estroma.
Dr Carlos Simón apresentou os resultados desse estudo em um webinar científico que está disponível no portal de educação contínua da Igenomix para especialistas em saúde: IVF-edu. No portal também está disponível a apresentação do mesmo paper em um encontro científico gravado com Dr Felipe Vilela. O acesso ao IVF-edu é gratuito e pode ser solicitado através da equipe de business da Igenomix.
Descoberta da assinatura transcriptômica endometrial
No ciclo menstrual humano, o endométrio sofre remodelação, liberação e regeneração, impulsionado por substanciais mudanças na expressão dos genes. Desde sua formalização, na década de 1950, a definição histológica de fases endometriais (proliferativa, inicial, intermediária e fases secretoras tardias) tem sido o padrão do estado endometrial.
A pesquisa que deu origem ao teste ERA há mais de 7 anos revolucionou ao identificar que cerca de 3 em cada 10 pacientes apresentam sua janela de implantação fora do período padrão, o que permitiu introduzir a personalização da transferência embrionária nos tratamentos de Fertilização in Vitro (FIV) a partir do conhecimento individualizado sobre como a paciente respondia à progesterona durante o preparo endometrial.
A pesquisa recentemente publicada na Nature explorou o relacionamento entre as fases histológicas com as fases identificadas a nível de célula única para obter a assinatura transcriptômica do ciclo menstrual, o que significa uma ampliação da resolução do que até o momento havia sido rastreado no tecido endometrial como um todo.
Dra Marcia Riboldi é geneticista e CEO da Igenomix Brasil