A conferência internacional de pré-implantação genética (PGDIS 2023) não poderia terminar sem abordar as causas genéticas da Infertilidade e suas formas de Diagnóstico.
Hoje foi o dia de começar com os painéis genéticos para infertilidade! Sobre esse tema, atualmente a única ação que temos quando há um problema genético relacionado à infertilidade é a doação de gametas, seja ela feminina ou masculina. Alguns casos podemos realizar o PGT-M, mas muitos poderiam ser solucionados com o auxílio da terapia genica.
Conforme estudo publicado na revista AJHG apresentado pelo Dr P. Ray durante sua aula que trouxe dados para uma reflexão sobre a genética aplicada aos pacientes com infertilidade, o exoma na investigação da azoospermia obstrutiva (NOA) pode melhorar o diagnóstico e tratamento do paciente.
Por exemplo, citou a glogozoospermia, uma condição que atualmente é uma indicação para ICSI, mas não para PGT. No entanto, a infertilidade pode ser a porta de entrada para a detecção de comorbidades importantes, como o risco aumentando para o desenvolvimento de um câncer de origem genética. Outros pontos abordados sobre a infertilidade e risco de outras doenças genéticas foram:
- Existe uma sobreposição entre genes meióticos e mitóticos. Alguns genes mitóticos ligados à infertilidade também são expressos nas células somáticas.
- Defeitos em genes meióticos são conhecidos por aumentar a suscetibilidade ao câncer.
- Ao realizar a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) com o diagnóstico pré-implantacional nos embriões é possível diagnosticar genes de predisposição ao câncer.
Um dos principais objetivos desse encontro científico é manter os estudos científicos inclusive de técnicas com benefícios comprovados, trazendo mais trabalhos de resultados de gravidez com e sem PGT-A. S. Kahraman evidenciou mais uma vez que o teste genético pré-implantacional para aneuploidias aumenta as taxas de nascidos vivos e reduz as perdas gestacionais independentemente de idade em pacientes mal respondedoras. Nessas pacientes que respondem mal à estimulação ovariana, a taxa de nascimento com PGT-A quase duplica em comparação àquelas do mesmo grupo de pacientes que não realizaram o teste genético. Além disso:
- O PGT-A evita a transferência de embriões inviáveis que resultariam em falhas de implantação, abortamento ou aneuploidia fetal.
- Pacientes ao realizar esta análise devem ser informados sobre os possíveis resultados, entre eles a possibilidade de não obter embriões para a transferência
Estimulação ovariana
Apesar da evolução dos tratamentos de reprodução assistida, conseguir mais de um óvulo continua sendo muito importante porque:
- Alguns folículos estarão vazios
- Alguns óvulos serão imaturos ou degenerados
- Outros óvulos não fertilizarão
- Nem todos os embriões chegam a blastocistos
- Nem todos os blastocistos terão boa qualidade
Mas quantos embriões são suficientes? Após vários estudos que justificam o benefício de obter mais óvulos, foi apresentado o modelo preditivo (Deversa et al, HR 2018). Lembrando que, em mulheres com mais de 44 anos terão resultados inferiores mesmo com o acúmulo de óvulos.
Novamente, assim como em todos os dias, mais uma aula enfatizou a mudança de paradigma entre os testes de portadores baseados em etnias e o teste de portadores expandido. Esta evolução foi marcada pelas recomendações do American College Medical Genetics and Genomics Autossomical Recessive Conditions Practical Resource. As conclusões são:
- Um painel de portadores expandido (pan-étnico) identifica mais famílias em risco de ter uma descendência afetada, que sem essa análise genética não poderiam ser detectadas.
- Detecta suscetibilidade ao câncer de origem hereditário em adultos
- Normalmente os genes de suscetibilidade ao câncer são autossômicos dominantes, portanto, têm uma probabilidade de 50% de ser transmitido à descendência.
Medicina reprodutiva no tratamento do câncer
A redução de risco de câncer é uma preocupação crescente dos pacientes diante das possibilidades de diagnóstico e prevenção através do PGT-M. Dra K. Veselá & Kol trouxe esse tema como parte das estratégias de preservação da fertilidade em pacientes oncológicos e portadores.
Citou o OFIS (onco-fertility inderdisciplinary seminary), uma plataforma fundada em 2018 para a interação e discussão sobre oncologia e medicina reprodutiva. Esta iniciativa busca unir oncologistas para informar e reduzir o pânico à estimulação ovariana e juntos, melhorar as estratégias como o PGT-M como método de evitar a transmissão de mutações hereditárias de condições de alta penetrância. Em resumo:
- A preservação da fertilidade, através do congelamento de gametas, deve ser parte da rotina do tratamento oncológico utilizando uma perspectiva de futuro aos pacientes com vista a uma vida após o câncer.
- A conduta de atuação deve ser de urgência, evitando perder tempo precioso para o tratamento e recuperação.
- A multidisciplinaridade e cooperação entre especialistas é fundamental para o sucesso do tratamento.
- A vitrificação de gametas, embriões ou tecidos é um método confiável que permite prevenir a transmissão de condições hereditárias graves com a aplicação do teste PGT-M.
- A estimulação ovariana não aumenta o risco da condição oncológica e não altera o prognóstico do tumor.
- A gravidez não se relaciona com o prognóstico do tumor.
Variantes genéticas de pacientes com resultados inferiores no desenvolvimento embrionário foram apresentadas por Dra Sandra García-Herrero, pesquisadora da Igenomix, no trabalho conjunto de análises realizadas nos laboratórios Igenomix Valência e Dubai.
Futuro do diagnóstico genético pré-implantacional
Dr Luis Navarro-Sanchez, também da Igenomix, apresentou a confiabilidade da análise não invasiva do embrião (EMBRACE) em relação a constituição cromossômica do embrião completo. Mostrando a correlação de massa celular interna e biópsia de trofectoderma em blastocistos humanos.
Com o acúmulo de casos da análise do PGT-A não invasivo (niPGT-A), a análise do DNA livre do embrião no meio de cultura é o caminho para o futuro do diagnóstico genético, eliminando a necessidade de submeter o embrião a um procedimento invasivo, que representa um risco, ainda que pequeno.
Contem com os especialistas da Igenomix para entender melhor e aplicar de forma individualizada os testes genéticos com base em evidências científicas e continue acompanhando as notícias da Igenomix para manter seus conhecimentos atualizados!
Marcia Riboldi é geneticista e VP S&M Medical Devices and Igenomix LATAM